Americanas é classificada com ‘alto risco de calote’. Entenda o que pode acontecer

A Fitch Ratings, agência de classificação de risco rebaixou a nota de crédito em moeda estrangeira e local de “BB” para “CC” e a nota de crédito nacional de “AA+(bra)” para “CC(bra)”. De acordo com o que foi dito pela agência, as alterações das notas sinalizam elevado risco de crédito e possibilidade de calote.

De acordo com os analistas Gisele Paolino e Mauro Storino, as inconsistências contábeis de R$ 20 bilhões informadas pela Americanas elevariam a alavancagem de 5,5 vezes a dívida líquida ajustada sobre o Ebitdar no fim do terceiro trimestre para 11,9 vezes.

“A agência acredita ser provável a Americanas entrar em acordo para rolar dívidas com os seus credores por conta da situação insustentável de crédito e de reputação que se criou”, comentam. Caso isso aconteça, a nota será novamente rebaixada, desta vez para “C”, disse a Fitch ao Valor. A nota aponta para “calote iminente”.

Eles disseram ainda que a adição deste montante bilionário em dívidas deixa a estrutura de capital da varejista insustentável. Ao fim do terceiro trimestre, a dívida estava em R$3,2 bilhões, ao passo que o valor de mercado estava em R$15,4 bilhões no último mês de setembro.

Fora isso, a agência enxerga uma limitada flexibilidade financeira da Americanas em decorrência dos danos causados na reputação da companhia. “O apoio dos credores será essencial para melhorar essa situação”, disse ao Valor.

Na parte operacional, a empresa também pode acabar perdendo o apoio de alguns fornecedores, prejudicando ainda mais sua situação financeira. Uma injeção de capital para evitar calote é algo possível, mas improvável no momento atual.

S&P Global Ratings, uma outra agência de classificação de risco, cortou a nota de crédito global da varejista de “BB” para “B” e a nacional de “brAAA” para “brA-”, colocando as duas em observação negativa, em decorrência das incertezas que envolvem as inconsistências contábeis.

Por agora, na visão dos analistas Henrique Koch, Luisa Vilhena e Luciano Gremone, não é possível dimensionar o impacto que as inconsistências causarão na performance financeira e operacional da Americanas.

No ponto de vista da S&P, o grosso das inconsistências não deve prejudicar de forma material a posição de caixa da varejista, com impacto na dinâmica de capital de giro e relacionamento da empresa com o mercado.

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Paulo Amorim
Paulo Henrique Oliveira é formado em Jornalismo pela Universidade Mogi das Cruzes e em Rádio e TV pela Universidade Bandeirante de São Paulo. Atua como redator do portal FDR, onde já cumula vasta experiência e pesquisas, produzindo matérias sobre economia, finanças e investimentos.