O que vai acontecer com a Americanas (AMER3)? Especialistas respondem

Você ficou sabendo do caso Americanas? Ele vai ficar marcado para o resto da história da Bolsa de Valores brasileira. As ações da Americanas tiveram uma queda histórica, nesta quinta-feira (12), depois do anúncio de um rombo de R$ 20 bilhões no balanço da empresa. A inconsistência contábil, em análise preliminar, deixou os investidores em pânico. O mercado abriu, e as ações da empresa desabaram.

A visão dos especialistas

O que espanta e preocupa é que o rombo é maior que o próprio valor de mercado da empresa, que tem valor atual de aproximadamente R$ 10,8 bilhões. Sergio Rial, que havia assumido como CEO da Americanas, resolveu deixar o cargo apenas 9 dias depois de assumí-lo. O diretor financeiro da empresa, André Covre, que havia tomado posse junto com Rial, também renunciou. Ao renunciarem aos cargos, os executivos parecem querer mostrar que não têm responsabilidade pelo problema gigantesco, principal assunto dos mercados nesta quinta-feira.

Entre investidores e analistas do mercado, a notícia do rombo de R$ 20 bilhões caiu como uma verdadeira bomba. Rogério Araújo, gestor e consultor financeiro, especialista em investimentos e fundador da Roar Educacional Consultoria vê o cenário com uma extrema perplexidade porque, teoricamente, a empresa segue controles rígidos, exigidos pela B3, a bolsa de valores brasileira. Além disso, é analisada anualmente por uma das maiores auditorias do mundo. A companhia tem obrigação de ser clara e transparente com os seus números.

Para Cauê Mançanares, CEO e sócio-fundador da Investo, acredita que entramos em um cenário em que ninguém sabe qual será o preço justo dessa ação que já sofreu forte queda. Mançanares ainda reforça um ponto importante:  “Acionistas como Beto Sicupira, investidor da Americanas há mais de 40 anos e sócio do Grupo 3G no Brasil, já demonstrou seu apoio à empresa no que se refere à essa recuperação de valor frente ao ocorrido”.

Felipe Catão, CEO e sócio-fundador da plataforma de investimentos Guru vê que ainda é cedo para mensurar o real impacto no caixa da companhia, em razão da falta de informações detalhadas e precisas sobre o tema. Além disso, a renúncia do Sérgio Rial do cargo de CEO da Americanas piora a situação, porque a empresa já enfrentava desconfianças no mercado por conta da desaceleração do varejo eletrônico, em meio ao cenário de juros altos no Brasil, ou seja, a saída dele complica um pouco mais, porque ficará uma governança dispersa dentro da empresa. A maioria dos analistas das principais casas colocou recomendação para os papéis sob revisão, mas ainda é um cenário nebuloso.

 

“O rombo representa 1,9 vezes o valor da empresa no mercado até então, grande o suficiente para quebrar a empresa, caso não consigam levantar capital novo para resgatar o negócio”, analisa Ivan Barboza, sócio-gestor do Ártica Long Term FIA. O especialsiata ainda aponta que o maior problema é que esse tipo de erro contábil é muito difícil de detectar.

Como está o mercado?

Os acionistas minoritários e até os consumidores estão aflitos com os desdobramentos da situação. Embora o comunicado oficial da empresa afirme que o efeito caixa é imaterial, a falta de informações e detalhes sobre o que levou ao rombo causa muita incerteza aos ativos e ao futuro da empresa.

“A possibilidade de uma dívida maior que o anunciado e possíveis problemas para manter o pagamento de fornecedores em dia, por exemplo, são alguns dos riscos que tem levado analistas a colocar as ações das Americanas sob revisão”, mostra Araújo, que também é líder educacional na Empiricus Investimentos.

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu um processo administrativo para checar a contabilidade das Americanas e outro para apurar o anúncio das inconsistências contábeis de R$ 20 bilhões.

Araújo explica que os processos estão em fase inicial, com recolhimento de informações e apuração dos fatos. Os investidores querem informações claras e seguras. “Diante de possíveis fraudes, os acionistas minoritários podem até acionar a CVM para reaver eventuais prejuízos. Mas é um caminho que ninguém quer percorrer”, diz o especialista.

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Victor Barboza
Meu nome é Victor Lavagnini Barboza, sou especialista em finanças e editor-chefe do FDR, responsável pelas áreas de finanças, investimentos, carreiras e negócios. Sou graduado em Gestão Financeira pela Estácio e possuo especializações em Gestão de Negócios pela USP/ESALQ, Investimentos pela UNIBTA e Ciências Comportamentais pela Unisinos. Atuo no mundo financeiro desde 2012, com passagens em empresas como Motriz, Tendere, Strategy Manager e Campinas Tech. Também possuo trabalho acadêmicos nas áreas de gestão e finanças pela Unicamp e pela USP. Ministro aulas, cursos e palestras e já produzi conteúdos para diversos canais, nas temáticas de finanças pessoais, investimentos, educação financeira, fintechs, negócios, empreendedorismo, psicologia econômica e franquias. Sou fundador da GFCriativa e co-fundador da Fincatch.