O anúncio de que o ex-senador petista Aloizio Mercadante irá ocupar a presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a partir do próximo ano Ibovespa derrubou os índices da Ibovespa nos últimos dias.
Na última terça-feira (13), o pregão fechou no vermelho e agora acumula queda de 1,22% no ano. Além da nomeação de Mercadante, o reforço da contrariedade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva às privatizações também tem sido um fator para descolar o país do rumo da retomada da confiança do mercado internacional.
Outro fator que revela esse clima de insegurança quanto aos rumos da economia nacional se traduz na alta do dólar, que subiu, 0,07%, atingindo o patamar de R$ 5,314 na compra e R$ 5,315 na venda .
Quais os motivos para a insatisfação com o nome Mercadante?
De acordo com especialistas no mercado financeiro, o nome de Aloizio Mercadante, que vinha à frente da Fundação Perseu Ábramo foi mal recebido por ser considerado um quadro político, quando se esperava um economista para que houvesse a viabilização de pautas mais liberais na economia nacional.
“A nomeação do Mercadante para o BNDES não agradou. Ao meu ver, o mercado esperava pela nomeação de mais nomes alinhados ao mercado financeiro para as pautas econômicas, visando políticas mais liberais”, comentou o sócio do escritório de investimentos Matriz Capital, Élcio Cardozo,.
Outro ponto de grande importância para nomes do mercado financeiro no país é a postura adversa do petista a temas como a privatização. Ou seja, segundo Francisco Levy, estrategista-chefe da empresa de investimentos Empiricus, esta é uma sinalização de que o banco estatal voltará a gastar mesmo em um momento fiscal ruim.
“Precisamos de um plano de redução da dívida pública para baratear o custo do financiamento do governo e o que escutamos vai no sentido contrário, de ampliar os gastos e os custos. É por isso que há pessimismo do mercado”, explicou.
Além disso, a nomeação vai de encontro à Lei das Estatais, que é vista com bons olhos pelos investidores do país. Dessa forma, de acordo com o sócio-fundador da Fatorial Investimentos, Jansen Costa, será necessário uma mudança na legislação – o que causaria instabilidade financeira – para que Mercadante assuma o cargo.
“A indicação sinaliza que teremos modificações na legislação, uma vez que o Mercadante, com a letra em vigor, não consegue ocupar o cargo”, explica Costa
O que diz a Lei das Estatais?
Promulgada pelo ex-presidente Michel Temer, a Lei das Estatais proíbe a indicação de pessoas que atuaram em processos decisórios de partidos políticos ou em campanhas eleitorais nos últimos 36 meses ao Conselho de Administração e para a diretoria dessas empresas.
Portanto, como Aloizio Mercadante atuou como o coordenador da última campanha presidencial de Lula, quando venceu o atual presidente Jair Bolsonaro, em outubro, ele não poderia ocupar o cargo. Contudo, há interpretações controversas a esta visão no governo de transição.
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