Na visão de José Berenguer, presidente do banco XP, a aprovação da PEC de Transição, que foi apresentada ao Congresso na semana passada, deve mitigar a tensão que vem pairando no mercado financeiro.
“É necessário ter uma política para diminuir a pobreza e a miséria. Isso precisa ser endereçado. Eu deixaria de lado a emoção na discussão e focaria no fato. Como é que se implementa e quais as escolhas que precisam ser feitas para isso”, disse ele ao Valor Econômico.
Ao mesmo tempo em que ele era entrevistado pelo Valor, os ativos brasileiros passavam por mais um dia de tensão diante do receio sobre o compromisso fiscal do novo governo. Na visão de Berenguer, a reação negativa do mercado ao longo dos últimos dias é o “termômetro” da indefinição, porém ele considera isto um certo exagero dos agentes financeiros, que começam a precificar um aumento da taxa Selic.
“Não adianta ficar aqui, no que chamo de quadrilátero de Mônaco (região entre a Faria Lima e o bairro nobre Jardins). A gente anda o Brasil inteiro. Não adianta a gente fechar os olhos e ficar andando de carro blindado para baixo e para cima”, disse ele ao Valor.
O executivo atenta para o fato de que o presidente Lula já comandou o país por oito anos, sabe que não pra gastar sem uma fonte de recursos e vai entrar em um acordo com o Congresso para estabelecer o Orçamento de 2023. “Ninguém gasta ilimitadamente. Fazendo aqui um paralelo. Se meu time joga mal e perde, não posso desligar placar para não saber qual é o resultado do jogo”, disse Berenguer, que já integrou o Comitê de Gestão do Santos.
José diz ainda que esta questão fiscal também iria se impor caso o presidente Jair Bolsonaro tivesse se reelegido e que talvez o mercado também reagisse de maneira negativa. Ele também tinha dito que iria manter o Auxílio. Então, a gente já iria ter um desafio fiscal para o ano que vem. O que está sendo discutido agora é se esse auxílio vai ser só para 2023 ou para os próximos quatro anos e de onde virão esses recursos”, explicou.
“O que quero dizer é que o país não vai parar. Não tenho nenhum tipo de receio em relação aos próximos anos. A gente vai ter de fazer escolhas para acomodar esses gastos”, falou Berenguer ao Valor.