Desde a noite de domingo, 30 de outubro, quando Luís Inácio Lula da Silva (PT) foi eleito presidente do país, caminhoneiros bolsonaristas começaram a protestar. Diferentes e importantes rodovias brasileiras ficaram interditadas, e apenas carros de passeio poderiam passar, embora com muita lentidão. Todo esse movimento atinge diretamente o abastecimento de supermercados, e traz o risco de diminuição no estoque de alimentos.
Na terça-feira (1), o vice-presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Marcio Milan, confirmou que mais de 70% dos supermercados em sete estados e no DF já apresentam problemas de abastecimento devido a paralisação dos caminhoneiros. O ato antidemocrático surgiu como uma forma de protesto pelo resultado da urnas referente as eleições para presidente da República.
Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) acusam o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) de fraude, e dizem que o resultado divulgado no dia 30 de outubro é inverídico. O protesto não é exclusivo de caminhoneiros, inclusive alguns profissionais da área têm ficado reféns da atitude dos demais que não deixam qualquer transporte de carga transitar pelas rodovias.
Em 2018 os caminhoneiros fizeram a sua primeira paralisação nacional, na época o presidente do país era Michel Temer. Na ocasião, foram pelo menos nove dias de bloqueio total do transporte de cargas, reivindicando a queda no valor do óleo diesel. O que afetou a economia do país com desabastecimento de supermercados, farmácias, feiras, atrasos de entregas dos Correios e mais.
Desabastecimento dos supermercados
De acordo com a Abras os estados mais afetados com o desabastecimento em supermercados são: Santa Catarina, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Rio de Janeiro e São Paulo, além do Distrito Federal. Marcos Milan, vice-presidente da associação conta que o problema também foi o fato de que as paralisações começaram justo nos dias de entregas, segunda e terça-feira.
Na quarta-feira (2), a reportagem da Folha de S. Paulo visitou lojas do Assaí, Makro, Mambo, Pão de Açúcar, Extra e Chama Supermercados nas zonas leste, oeste e no centro de São Paulo. Eles observaram que balcões de alimentos refrigerados e de carnes, frangos e peixes já estavam ficando sem suprimentos suficiente.
Existe o risco dos consumidores ficarem sem alimentos?
Para a Abras, os itens mais atingidos foram as frutas, legumes, verduras e carnes, porque têm um estoque que dura no máximo três dias e por isso precisam de reposição mais frequente. Aliado a isso, com medo do desabastecimento o fluxo de pessoas nos supermercados adquirindo mais produtos como forma de reserva, também acaba diminuindo a oferta de produtos.
Marcos Milan acredita que pelo menos nos próximos dois a três dias pode haver sim desabastecimento dos itens citados. Até o final de semana os produtos devem voltar a ser recompostos nas prateleiras, já que as rodovias estão sendo desbloqueadas aos poucos.