Bolsa de Valores: bloqueios nas estradas geram IMPACTOS sobre AÇÕES deste setor

Desde ontem, 31, um dia após a vitória de Lula nas eleições 2022, começaram a se formar bloqueios nas estradas do país por caminhoneiros que não aceitam a decisão das urnas. Diante de protestos tão recentes, ainda não é possível mensurar a dimensão e o período desta situação, mas já existem alguns pontos de atenção para serem observados.

Logo de cara, foram considerados como mais suscetíveis os setores de logística, como companhias de frete rodoviário e de distribuição de combustíveis, e do agronegócio. No entanto os reflexos destas manifestações podem causar problemas mais amplos dependendo do tamanho e do período que isto permanecer.

“O que chama a atenção é que essas manifestações são tocadas por lideranças locais, até o momento não emergiu um comando nacional, o que dificulta uma negociação e saber o que vai acontecer”, disse ao InfoMoney Edeon Vaz Ferreira, coordenador do Movimento Pró-Logística, ligado ao agronegócio.

Entre as estradas bloqueadas, grande parte delas tem ligação com a agropecuária, um dos setores que apoiam o presidente Jair Bolsonaro. 

Na visão do CEO da Box Asset Management, Fabrício Gonçalvez, tirar qualquer conclusão por agora seria precipitado, no entanto ao comparar com a greve dos caminhoneiros que aconteceu em 2018, o cenário poderia ser bem negativo para a economia.

“A greve (em 2018) durou dez dias e os efeitos foram imediatos, causando a interrupção do fornecimento de bens e insumos básicos para diversas cidades. Na economia, essa paralisação teve um efeito inflacionário durante o mês que ocorreu, tivemos um grande aumento no IPCA (+1,26%) e, além disso, o PIB foi bastante impactado”, disse ele ao InfoMoney.

Até ontem, às 18h30, tinham sido registradas 236 ocorrências em estradas de 20 estados brasileiros, de acordo com a Polícia Rodoviária Federal.

De acordo com a  PRF a Justiça será acionada para liberar as vias bloqueadas. Através de nota enviada ao InfoMoney, a corporação explicou que já acionou a Advocacia-Geral da União (AGU), que representa órgãos do governo em ações judiciais.

Edeon ressaltou ainda que é muito cedo para saber quais são os impactos reais na cadeia de escoamento. No entanto, afirmou que de início o elo mais fraco é o setor de frigoríficos, uma vez que os bloqueios podem atrapalhar o transporte de animais para abate e a distribuição de carne aos consumidores.

“A cadeia frigorífica funciona em um modelo ‘just in time’, ou seja, é um ciclo de ajuste fino. Se o transporte do animal demora, a planta fica ociosa. Se a carne não sai da câmara fria, a capacidade de estocagem fica comprometida”, disse ele ao InfoMoney.

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Paulo Amorim
Paulo Henrique Oliveira é formado em Jornalismo pela Universidade Mogi das Cruzes e em Rádio e TV pela Universidade Bandeirante de São Paulo. Atua como redator do portal FDR, onde já cumula vasta experiência e pesquisas, produzindo matérias sobre economia, finanças e investimentos.