Na visão de economistas da XP e do Banco BV, como forma de resolver a complicada equação de equilíbrio entre as demandas do governo por mais gastos com a busca pelo equilíbrio fiscal, o governo comandado por Lula precisará de credibilidade e isto está fortemente ligado com a escolha de uma boa equipe econômica.
O InfoMoney ouviu os economistas chefes da XP, Caio Megale, e do Banco BV, Roberto Padovani.
Na entrevista dada ao portal InfoMoney, Caio destacou que nos últimos meses o país passou por um momento favorável, com crescimento da economia melhor do que o projetado no começo deste ano e com inflação caindo.
Fora isso, o Brasil vem se apresentando como um “porto seguro” entre os países emergentes para atração de investimentos de fora. Isto pode ser explicado em parte por conta de concorrentes como México, China, Colômbia e Turquia que vem enfrentando crises políticas e institucionais.
Porém, esta fase positiva pode enfrentar tempestades no médio prazo em decorrência de um grave problema de curro prazo: o equilíbrio das contas públicas, que será o maior desafio enfrentado por Lula. “Ele vai ter de mexer no texto da Constituição para autorizar gastos adicionais já sinalizados, como a manutenção do Auxílio Brasil em R$ 600 e o aumento real do salário mínimo, além de outras despesas que ele sinalizou”, disse Megale ao InfoMoney.
Lula precisa encontrar uma maneira de flexibilizar a política fiscal que incluirá as novas despesas, ao passo que reforça o seu compromisso com a responsabilidade fiscal. “É um desafio que requer não só um desenho bem claro na cabeça, mas também o de ser implementado por uma equipe econômica com credibilidade. Qual será o time e como time vai lidar com o teto de gasto”, disse Caio.
O economista do Banco BV, Roberto Padovani, também enxergou avanços nos últimos anos com a aprovação de reformas trabalhista e da previdência, além da autonomia do Banco Central e do redesenho de arcos regulatórios como saneamento e gás. Em sua visão existem desafios a serem superados ainda, como as reformas Tributária e Administrativa, a qualificação da mão de obra e melhoria da infraestrutura e logística para buscar maior produtividade.
“Depois de vários anos com o governo segurando a despesas, ele (Lula) vai ter de alguma forma reajustar salários de servidores, aumentar investimentos do governo e ampliar programas sociais. Existe uma demanda, uma pressão social por mais gastos”, disse ele ao InfoMoney.