Afinal de contas, o que é uma fintech de crédito?

Há 10 anos, o Brasil tinha o seguinte cenário no mercado de crédito: 81,2% das operações de empréstimos e financiamentos estavam concentradas em 5 instituições financeiras. Assim como qualquer outro setor, quanto mais concentrado, maior a criação de preços abusivos. E, no final das contas, quem sofre é o consumidor.

Concentração bancária e a importância da concorrência

Para qualquer área, a concorrência faz muito bem. Com esta, sobe-se a régua para entrega de produtos e serviços com melhor qualidade e experiência ao consumidor. Para sobreviver num mercado competitivo, as empresas precisam se mexer e conseguir entregar aquilo que o seu público-alvo está procurando, caso contrário, é muito simples para o consumidor mudar de empresa.

Além disso, a concorrência também ajuda na criação de um melhor custo-benefício na hora da criação dos preços. Assim como as soluções, os preços também passam a competir entre si. E, a falta de concorrência faz justamente o contrário: a empresa consegue praticar muitas vezes o preço que bem entender, já que não tem grandes ameaças.

Quando olhamos o cenário bancário no Brasil em 2012, vemos justamente algo neste sentido. Para milhões de brasileiros, as operações de crédito estavam concentradas em apenas 5 instituições. Na economia, este cenário é chamado de oligopólio, no qual poucas empresas detêm o controle sobre a maior parte do mercado.

O resultado disso, no final das contas, era de juros, muitas vezes, altíssimos, atendimento deixando a desejar e a falta de ter para onde correr.

Fintechs: a chegada da concorrência

Com a sinergia das soluções financeiras com a tecnologia, as fintechs passaram a buscar oferecer alternativas para as soluções financeiras tradicionais. E claro, inclusive no mercado de crédito.

As fintechs de crédito foram surgindo oferecendo empréstimos, financiamentos, comparadores e até novos modelos para tomada de dinheiro. Um destes exemplos é o modelo P2P Lending, regulamentado no Brasil como Sociedades de Empréstimos entre Pessoas (SEP), no qual os recursos são emprestados por investidores pessoas físicas, de maneira coletiva.

Hoje, além das instituições financeiras tradicionais que oferecem linhas de crédito, o país conta também com centenas de fintechs de crédito, que contribuem cada vez mais para a concorrência da área.

O que é uma fintech de crédito?

A categoria das fintechs de crédito é formada por soluções financeiras digitais que oferecem alguma solução relacionada ao mercado de crédito. 

Quando falamos do próprio oferecimento de crédito, como empréstimos e financiamentos, tanto para pessoas físicas como para pessoas jurídicas, a regulamentação do Banco Central tem a seguinte definição:

  • Sociedade de Crédito Direto (SCD): fintechs que oferecem crédito a partir de seus próprios recursos
  • Sociedade de Empréstimo entre Pessoas (SEP): plataformas que possibilitam que pessoas emprestem dinheiro para outras

Além destas soluções, existem, ainda, os marketplaces/comparadores/simuladores. Estes são plataformas que listam empréstimos de diversas instituições financeiras e ajudam o consumidor a simular e pesquisar. Geralmente estas plataformas atuam como representantes bancários, não oferecendo o crédito, mas sim fazendo a conexão do consumidor com a instituição que oferece crédito.

De acordo com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em 10 anos o índice de concentração bancáriacaiu 10%, muito em função do surgimento destas fintechs. Ele mesmo diz que elas ajudam a baratear os custos de produtos financeiros.

Ou seja, apesar de muitas vezes os juros de empréstimos e financiamentos ainda parecerem muito salgados, surgem cada vez mais opções, possibilitando, cada vez mais, que o consumidor possa encontrar aquelas com melhor custo-benefício para o seu bolso.

Quer economizar nos juros? Não se esqueça de comparar as condições oferecidas pelo seu banco com o que as fintechs têm para te oferecer!

Victor BarbozaVictor Barboza
Meu nome é Victor Lavagnini Barboza, sou especialista em finanças e editor-chefe do FDR, responsável pelas áreas de finanças, investimentos, carreiras e negócios. Sou graduado em Gestão Financeira pela Estácio e possuo especializações em Gestão de Negócios pela USP/ESALQ, Investimentos pela UNIBTA e Ciências Comportamentais pela Unisinos. Atuo no mundo financeiro desde 2012, com passagens em empresas como Motriz, Tendere, Strategy Manager e Campinas Tech. Também possuo trabalho acadêmicos nas áreas de gestão e finanças pela Unicamp e pela USP. Ministro aulas, cursos e palestras e já produzi conteúdos para diversos canais, nas temáticas de finanças pessoais, investimentos, educação financeira, fintechs, negócios, empreendedorismo, psicologia econômica e franquias. Sou fundador da GFCriativa e co-fundador da Fincatch.