A Raízen irá criar uma vertical de serviços financeiros, em um plano que tem a possibilidade de arrecadar até R$500 milhões para o Ebitda, o que equivale a 3,5% do resultado consolidado, ao aproveitar de forma mais satisfatória as oportunidades geradas pelos R$400 bilhões ao ano entre compra, venda e intermediação, que a quinta maior empresa do país movimenta todos os anos.
Como forma de colocar a estratégia em prática, a proprietária da rede de postos Shell comprou uma fintech da Cosan, que é uma das controladoras da empresa juntamente com a petroleira holandesa. A startup de meios de pagamento, Payly, que foi lançada há quatro anos pela holding de Rubens Ometto em parceria com o banco Topázio, será adquirida pela Raízen pela bagatela de R$ 80 milhões.
A Cosan, ao criar a Payly, tinha a intenção de construir uma carteira digital massificada, para bater de frente com fintechs como o Ame, das Lojas Americanas, e o PicPay, no entanto, a aposta não engrenou da maneira que era esperada. Em compensação, a Raízen virou a maior cliente da Payly ao utilizar os serviços dela para fazer o Shell Box operar. Este aplicativo oferta descontos e facilita o pagamento de clientes na rede de postos Shell.
A Shell Box, ao contar com um GMV por ano que já chega a R$ 11 bilhões e 9 milhões de usuários ativos, acordou a Raízen para o potencial de uma fintech própria uma vez que empresa necessitava de uma maneira de alinhar os interesses dos times envolvidos na operação.
“Como a Payly não pertencia à Raízen, não havia dentro da empresa um estímulo direto para avançar com isso. Mas se a gente compra a Payly e dá aos negócios 100% da margem financeira, conseguimos conquistar os corações”, disse ao Pipeline Carlos Moura, CFO da Raízen e responsável pelo projeto.
“O Shell Box é nossa grande aposta no meio digital e vem crescendo exponencialmente. Temos uma capilaridade muito grande. Todos os meses, 50 milhões de clientes passam pela nossa rede. Então, temos muita informação sobre a qualidade de parceiros e clientes para prover serviços financeiros, mas não participávamos dessa criação de valor”, disse também ao Pipeline o CEO da Raízen, Ricardo Mussa.