Esta não é a primeira vez que os nordestinos sofrem com ataques de xenofobia após as eleições. Em 2018 quando a região dedicou a maioria dos votos a Fernando Haddad (PT) que na época disputava com Jair Bolsonaro (PL) o cargo de presidente da República, os eleitores já foram hostilizados. Neste ano, após Lula (PT) receber a maioria dos votos por lá, os ataques voltaram a acontecer.
No último domingo, 2, quando a apuração de votos das eleições 2022 começou a acontecer, a contagem foi feita por estados. Inicialmente, Bolsonaro estava na primeira colocação com forte influencia de estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Mas, quando a contagem incluiu as urnas do Nordeste, Minas Gerais e parte do Norte, Lula virou o placar e terminou em primeiro lugar.
Haverá disputa de segundo turno em 30 de outubro, porque nenhum dos dois candidatos alcançou mais que 50% dos votos válidos. Lula terminou a apuração com 48,2%, enquanto Bolsonaro ficou com 43,3% da preferência de todo o país. Não demorou para que os ataques xenofóbicos ao povo nordestino começasse.
Puxado por bolsonaristas, isto é, pessoas que são simpatizantes da candidatura e do governo do atual presidente, os comentários de xenofobia foram diversos. O termo faz referência ao ato de desprezar e ofender pessoas que vivem em determinada região, seja de dentro ou fora do país. Difamando a forma como vivem, se comportam e se relacionam.
Por isso é onde existe mais miséria, mais fome, menos saúde e educação. Me perdoem os bons nordestinos, mas por essas que passam pelo que passam e merecem( apesar de quem Minas não ficou muito atrás em burrice eleitoral). Por ser pobre precisa ser burro tbm?
— jaderson bruzzi (@JadersonBruzzi) October 3, 2022
Mas, diferente do que foi dito nestas publicações, a verdade é outra. A começar por Constantino que inclusive é comentarista político, o termo “assistencialismo” é uma prática compra de votos, muito comum na República Velha, os eleitores eram coagidos por políticos e recebiam favores em troca do voto.
As políticas públicas, na verdade, não exigem qualquer contrapartida política, isto é, independente de quem assuma o governo federal essa pessoa deve criar um plano de assistência social capaz de beneficiar os mais vulneráveis. Inclusive, foi o governo Bolsonaro quem criou o Auxílio Brasil recebido por 47% dos nordestinos, e ainda assim, não levou a maioria dos votos nesta região.
Sobre a pobreza na região, quatro estados do Nordeste rankeam entre os dez estados brasileiros que mais avançaram no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) do ensino médio entre 2005 e 2017. Sendo eles: Pernambuco, Piauí, Maranhão e Ceará.
Xenofobia é crime
Os ataques de xenofobia que o povo nordestino tem sofrido devido a sua preferência política são crime. Não há nada engraçado nessas ofensas, tão pouco podem ser vistas como opinião, porque na verdade querem denegrir a imagem dessas pessoas, generaliza-las e ainda criar preconceitos.
LEI Nº 9.459, DE 13 DE MAIO DE 1997, diz:
“Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.”
Em seu Instagram, Michelle Bolsonaro, primeira dama do país, saiu em defesa da região. Compartilhou a imagem de parte do mapa do Brasil focando nos estados nordestinos e escreveu “Terra abençoada por Deus”.