- Fundos multimercado destaques em 2018 tiveram retornos acima de 15%;
- O cenário de 2018 se diferencia do presenciado nas eleições 2022;
- As gestoras de fundos que se destacaram possuem estratégias variadas.
Uma forma de entender a capacidade de gestores de fundos de investimento é por meio da compreensão de como os ativos performaram no passado. A Empiricus fez um levantamento dos fundos multimercados mais rentáveis em 2018, e o Valor coletou as perspectivas de alguns destes para o cenário atual.
Quatro anos atrás, dez fundos multimercado com melhores rentabilidades chegaram a apresentar retorno médio de 19% ao ano. Com isso, esses investimentos ofereceram retorno acima do Ibovespa e de aplicações atreladas à taxa Selic.
Nas eleições 2018, a corrida presidencial foi vencida por Jair Bolsonaro. Na ocasião, o Ibovespa passou por grande volatilidade, mas registrou alta pelo terceiro ano seguido de 15%. Isso aconteceu em meio às perspectivas que houvesse andamento nas reformas econômicas pelo novo governo.
No mesmo período, a taxa básica de juros, a Selic, estava em 6,50% ao ano. A inflação estava sob controle na ocasião.
Fundos multimercados com melhores rentabilidades em 2018
Em 2018, estes foram os fundos multimercados mais rentáveis, juntamente com a variação no respectivo ano:
- Vista Multiestratégia FIC Multimercado: 38,41%
- Murano FIC Multimercado: 18,31%
- Kapitalo Zeta FIC Multimercado: 17,86%
- Mapfre Inversion FI Multimercado: 17,71%
- Occam Long & Short Plus FIC Multimercado: 16,78%
- RPS Total Return D30 FIC Multimercado: 16,43%
- Kadima High Vol FIC Multimercado: 16,12%
- Itaú Distribuidores Hedge Plus FIC Multimercado: 15,77%
- Bahia AM Mutá FIC Multimercado: 15,62%
- Giant Zarathustra FIC Multimercado: 15,44%
Os fundos multimercados contam com políticas de investimentos que abrangem diversos fatores de risco, sem o compromisso de concentrar em nenhum fator especial.
Esses ativos tendem a procurar retorno no longo prazo por meio de aplicação em variadas classes de ativos — como renda fixa, ações, câmbio, entre outros.
Os fundos de investimento nesta categoria se baseiam em estratégias prevalecentes adotadas e suportadas pelo processo de aplicação adotado pelo gestor.
Cenário de quatro anos atrás se diferencia do atual
Ao Valor, o analista de fundos da casa de análises Empiricus, Alexandre Costa, afirma que o contexto de quatro anos atrás se diferencia do atual. Hoje, os governos vêm aumentando as respectivas taxas de juros para controlar a inflação — após a pandemia de coronavírus.
Apesar disso, segundo o executivo, uma parte considerável dos gestores com quem dialoga declara que as
tem provocado menos volatilidade nos mercados em relação aos anos anteriores.
Em agosto, a Empiricus perguntou a 43 grandes gestores sobre como as estratégias de fundos multimercados foram afetadas pelas eleições. Entre todos, 70% alegaram que a eleição não alterou o nível de risco das estratégias.
Estratégias dos fundos multimercados que se destacaram quatro anos atrás
Grande parte dos fundos multimercados apostam no aumento dos juros nossa Estados Unidos, além da queda das bolsas de valores norte-americanas.
Já no Brasil, os gestores aguardam o momento certo para apostar na redução da taxa de juros, e estão adquirindo ações específicas.
A Occam, gestora de um dos fundos multimercados com destaque nas eleições 2018, compra ativos na espera que eles se mantenham bem independentemente do cenário político. A gestora tem foco em ações de empresas que crescem com qualidade.
A gestora ainda comprou ações do Brasil. A perspectiva é que a bolsa de valores brasileira caminhará mais rapidamente em relação ao mundo. Isso porque o banco central local elevou os juros com antecedência — e eles devem recuar primeiro.
A Occam tem preferência pelos setores financeiro e elétrico. Apesar disso, também foram comprados, com moderação, papéis relacionados a commodities e consumo.
A gestora, assim como muitas outras, retirou a fatia da carteira em ações de empresas estatais — diante da previsão de que, se Lula vencer as eleições 2022, elas podem enfrentar interferência política.
Outra gestora com destaque quatro anos atrás, a RPS Capital, passou a retirar papéis de estatais da carteira. Ela adquiriu ações de setores que podem ser favorecidos com a eventual vitória de Lula — principalmente construção.
A gestora também observa positivamente os papéis com sensibilidade à redução de juros. Este é o caso de segmentos de bancos digitais e meios de pagamento. De modo geral, a casa aposta somente na bolsa de valores do Brasil.
A Bahia Asset Management, que também se destacou na eleição passada, recomenda o equilíbrio da carteira, sem realizar maiores apostas em um panorama eleitoral específico.
A gestora, dentro da bolsa brasileira, conta com papéis de bancos, empresas do segmento elétrico e mais expostas ao cenário de consumo doméstico. Já no cenário externo, há apostas em juros de nações desenvolvidas e moedas, além da queda em bolsas.
Confira a calculadora de investimento do FDR: