Orçamento de 2023 pode acabar com o CRAS, CREAS, Farmácia Popular e tudo o que protege o brasileiro vulnerável

Amigos leitores do FDR não tem como deixar passar o fato do texto do Orçamento de 2023, apresentado pelo atual governo, ter previsto um corte de 95% para o Suas (Sistema Único de Assistência Social). Sistema responsável pelo gerenciamento do CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) e do CREAS (Centro de Referência Especializado de Assistência Social), e de 59% para o Farmácia Popular. 

Orçamento de 2023 pode acabar com o CRAS, CREAS, Farmácia Popular e tudo o que protege o brasileiro vulnerável
Orçamento de 2023 pode acabar com o CRAS, CREAS, Farmácia Popular e tudo o que protege o brasileiro vulnerável (Imagem: FDR)

Para começar é o Orçamento 2023 que define como o governo vai usar as verbas públicas durante o ano, ou pelo menos, o destino de boa parte destes recursos. Por isso, no fim do ano anterior é preciso que chegue ao Congresso Nacional para análise de deputados e senadores o texto com a descrição de gastos do ano seguinte. O que aconteceu no último dia 31 de agosto.

Já falamos por aqui que o Auxílio Brasil que tem sido prometido por alguns candidatos à presidência da República no valor de R$ 600 não vai rolar, pelo menos não pelo Orçamento atual. Isso porque o texto previu um pagamento médio de R$ 405,21 por família contemplada no próximo ano, o que não representa nenhum aumento.

Só para você não ficar atordoado com essa informação, o auxílio pode aumentar de valor em 2023 sim, desde que o governo descreva de onde pretende tirar recursos para bancar algo em torno de R$ 156 bilhões. Tirando esse fato, acredite você que outros benefícios sociais tão importantes quanto o Auxílio Brasil estão a beira de um colapso.

Isso porque, já está previsto no texto do Orçamento que o Suas receba em 2023 um investimento de R$ 48,3 milhões. E sabe quanto o governo repassou nesse ano para o mesmo sistema? R$ 967,3 milhões. Estamos falando de um corte de 95% nas verbas a serem destinadas para um dos pilares da assistência social no país.

Logo, centros de assistências social como o CRAS e o CREAS serão diretamente atingidos. Seguindo esta linha, o Cadastro Único também perde porque as unidades que hoje são usadas para que as família se inscrevam no CadÚnico podem chegar a fechar as portas em 2023. E automaticamente a entrada em benefícios sociais corre sérios riscos.

Sistema de assistência social pede socorro!

O que a gente pode presenciar no próximo ano com um orçamento tão baixo para os centros de assistência social será uma espécie de apagão. Hoje, o governo federal divide com o poder público municipal as custas destes centros. E com o valor de R$ 48,3 milhões disponíveis para o próximo ano o repasse será feito da seguinte forma:

  • R$ 31,9 milhões para atender a 5.530 unidades do Cras, o que significa uma média de R$ 5,8 mil para cada centro usar durante o ano;
  • R$ 16,4 milhões para o Creas, ou R$ 5,8 mil médios para as 2.824 unidades com esse tipo de atendimento.

Para se ter uma ideia do perigo que este sistema corre, em 2022 mesmo tendo R$ 967,3 milhões disponíveis foi preciso pedir uma abertura de crédito para manter os programas. Ainda assim, o que mais tem sido visto nos telejornais são as filas enormes de pessoas aguardando atendimento na frente do CRAS ou CREAS.

Hoje, para conseguir inscrição no Cadastro Único é preciso passar por uma entrevista obrigatoriamente presencial. Por isso centenas de pessoas têm saído de suas casas em busca da ajuda do poder público, e para ser reconhecida elas precisam estar neste sistema.

Com menos verba disponível a tendência é que esse acesso piore. A medida, claro, tem sido alvo de crítica de diversos especialistas. Ouvida pelo portal IG, Paola Loureiro Carvalho, assistente social e diretora de Relações Institucionais da Rede Brasileira de Renda Básica, demonstrou preocupação.

O povo brasileiro vive um processo de empobrecimento enorme, muito segurado pelo impacto do Auxílio Brasil, no entanto, para que pudéssemos reverter a curva de empobrecimento e fome, dependíamos de políticas públicas fortes e capazes de chegar nos lugares mais vulneráveis do país“, disse.

Na prática meu amigo, o que adianta prometer que o Auxílio Brasil vai ser de R$ 600 se nem investimento razoável para 2023 foi possível criar? Fica difícil entender como que o brasileiro que vive na linha da pobreza e que depende de programas financeiros sociais vai conseguir ser assistido.

Farmácia Popular perde investimento

Em 2021, o Farmácia Popular esteve presente em 3,5 mil municípios, por meio de mais de 28 mil farmácias conveniadas, de acordo com dados do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos (Sindusfarma). E incluem a gratuidade de medicamentos usados para tratar doenças como asma, hipertensão e diabetes.

Para custear esse projeto o governo federal liberou em 2022, R$ 2,04 bilhões em recursos. Mas para 2023 o orçamento prevê que o mesmo programa seja mantido com R$ 842 milhões, o que vai mexer totalmente com as possibilidades de oferecer produtos gratuitos ou de fácil acesso para quem não tem dinheiro para comprar remédio. 

Entende como isso é preocupante? De acordo com a nota divulgada pela Sindusfarma, por meio do Farmácia Popular, e ao oferecer medicamentos de forma gratuita, é possível “diminuir de forma consistente o número de internações hospitalares no SUS e na rede privada”.

A situação fica ainda mais revoltante quando você descobre para onde foram os recursos que deveria ser destinados para um programa que prevê a manutenção da saúde da população brasileira. De acordo com Bruno Moretti, assessor do Senado e especialista em orçamento da saúde, o orçamento secreto recebeu a bolada que era para ser entregue para Farmácia Popular. 

O orçamento secreto é um esquema que possibilita transferir verbas para parlamentares sem a necessidade de explicar como esse dinheiro será usado. Ou seja, sem transparência, por isso o nome de secreto.

Não há dúvida: o que a equipe econômica fez foi reduzir todas essas despesas para incorporar as emendas. Para caber as emendas RP-9 (de relator), estão tirando medicamentos da Farmácia Popular“, diz Moretti ao UOL.

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Lila Cunha
Autora é jornalista e atua na profissão desde 2013. Apaixonada pela área de comunicação e do universo audiovisual. Suas redes sociais são: @liilacunhaa, e-mail: [email protected]