A situação não está nada fácil para o trabalhador brasileiro, que tem que priorizar os gastos para fazer o salário render durante todo o mês. As dificuldades foram notadas pelo balanço do Salariômetro, realizado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).
O levantamento considerou os desdobramentos do salário do brasileiro durante o primeiro semestre de 2022. Na oportunidade, foi observado que os trabalhadores precisam abrir mão de benefícios como planos de saúde para assegurar o reajuste salarial.
Em tese, a intenção é, pelo menos, repor a inflação nas negociações coletivas que percorrem até o final de 2022. Nos dados do Salariômetro nota-se os complementos como a Participação nos Lucros e Resultados, abonos por aposentadoria e assiduidade, plano odontológico e auxílio-creche.
A maior parte desses recursos são oriundos de acordos ou convenções coletivas concluídas neste ano. Lembrando que os vales refeição e alimentação também foram ajustados, embora se mantenham no mesmo patamar que 2021, da mesma forma como o salário mínimo de 2022 não oferece poder de compra ao trabalhador.
No entendimento do advogado e consultor trabalhista, Marcos Alencar, o Brasil carece de uma reforma sindical no intuito de equilibrar a balança a favor dos trabalhadores nas negociações. Para ele, o cenário atual caracteriza uma negociação coletiva, apesar de que um lado sempre sai mais forte que o outro.
“O mais fraco é o da classe trabalhadora, que às vezes está melhor organizada e trazemos à tona a necessidade de uma reforma sindical para que tenhamos sindicatos fortes representando trabalhadores para que eles sentem na mesa e negociem de melhor forma esse reajuste salarial”, disse.
Previsão de salário para 2023
O Governo Federal atualizou a proposta que compõe a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). O texto faz uma nova sugestão de salário mínimo em 2023, que se aprovado, pode ser de R$ 1.294.
O salário mínimo em 2023 tem foco apenas em evitar as perdas inflacionárias. Na prática, os trabalhadores seguem sem um ganho real com a alteração do valor. O reajuste costuma ser feito com base na estimativa do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).
A definição deste valor foi baseada considerando uma inflação de 3,3% combinada a um PIB de 2,5%. Se o piso for aprovado, o teto de gastos anual será corrigido de acordo com a inflação.
A estimativa é para que haja uma folga de R$ 108 bilhões no Orçamento anual, mesmo diante da possibilidade de as contas públicas fecharem o ano no vermelho em R$ 65 bilhões.