Finanças em casal: Como lidar com os desafios financeiros a dois

Quem nunca viu um sonho virar um pesadelo? Casar ou apenas “juntar as escovas” pode ser extremamente desafiador se não houver planejamento e diálogo aberto sobre dinheiro.

A parceria de um casal deve também estar presente no acolhimento dos sonhos do outro, metas, objetivos – o caminhar junto.

Entretanto, sabemos que falar de dinheiro nos relacionamentos de modo geral é difícil, e nas relações amorosas parece que a dificuldade é maior, então se você está passando por essa situação, veja algumas orientações que irão te ajudar nesse desafio.

Deixe claro suas intenções

A velha frase  ”Quais suas intenções com minha filha (o)?”, pode ser adaptada para “Quais suas intenções de vida pessoal e profissional”, saber e entender quais caminhos nosso parceiro (a) deseja trilhar, fará você entender alguns limites e te ajudará a estabelecer acordos, dentro da relação.

Dessa forma será possível respeitar o espaço do outro e quem sabe uma ajuda mútua, afinal crescer a dois é muito mais rápido que crescer sozinho.

Por exemplo: Se um indivíduo tem como meta financeira alcançar o primeiro milhão em 6 anos, economizar, aumentar a renda e aprender sobre investimentos é algo muito importante para a realização desse objetivo, mas se na contra-mão o parceiro (a) for uma pessoa que se permite gastar mais do que ganha, já sabemos que dificilmente isso dará certo.

Apresentar as intenções para o outro, fará com que o casal esteja alinhado e dessa forma podem caminhar para o objetivo de forma mais natural e com menos expectativas.

Afinal, se você deseja ter seu primeiro milhão em 6 anos e não avisar isso para o outro, não adianta lá na frente usar a frase “eu esperava que você…”, frases como essa apenas falam de expectativas.

Respeitando a individualidade

Mesmo morando junto, é preciso saber que cada indivíduo tem seus desejos e sonhos. E para um casal é importantíssimo saber separar o que é “seu’ , o que é ”do outro” e o que é ”nosso”. 

Sendo assim não existe a necessidade de a conta corrente e cartão de crédito serem um só. 

Afinal, cada indivíduo tem um padrão de comportamento financeiro e ao unificar, aquele que tem menos controle financeiro, pode prejudicar o que tem mais controle – resultando em brigas desnecessárias.

Divisões justas

Nem sempre o casal vai ter a mesma renda, quando um ganha mais que o outro é preciso equilibrar as contas.

Normalmente o que acontece é que o que ganha mais, gasta conforme sua renda e o que ganha menos se vira para acompanhar o outro, gerando assim muito desgaste e até algumas dívidas desnecessárias.

Os gastos do casal devem ser proporcionais, veja abaixo exemplo do que não fazer:

Rendas

  • Individuo A: R$2.500,00
  • Indivíduo B: R$4.000,00
  • Total das rendas: R$6.500,00

Despesas do casal

  • Aluguel: R$2.000,00
  • Despesas mensais da casa: R$1.500,00
  • Total de gastos:R$ 3.500,00

O casal  optou por dividir o pagamento dessa conta, onde cada um paga o valor de R$1.750,00, mas veja como isso não é justo:

A pessoa da renda A ganha R$2.500,00 e ao pagar a metade dos gastos totais fica com uma sobra de valor de R$750,00. 

Já a pessoa da renda B fica com uma sobra de R$2.250,00.

Aqui temos duas pessoas que vivem financeiramente dois padrões de vida diferentes, o ideal neste caso é que os pagamentos sejam proporcionais.

É preciso descobrir, através da proporção, o quanto cada salário representa em porcentagem sobre a renda total, conforme essa fórmula:

Proporção: Renda Pessoal/Renda do Casal  x 100 = Percentual de renda

  • Proporção renda A: R$2.500,00/R$6.500,00  x 100 = 0,3846 x 100 = 38,46%
  • Proporção renda B: R$4.000,00/R$6.500,00 x 100 = 0,6153 x 100 = 61,53%

Agora é hora de dividir a conta nessas proporções:

  • Total de gastos da casa R$3.500,00
  • Renda A paga 38,46%, ou seja R$1.346,10
  • Renda B paga 61,53%, ou seja R$2.153,55

Quem ganha mais, paga mais!

Nessa nova forma o individual A ainda fica com R$1.153,90, um valor muito mais justo do que o saldo do modelo anterior onde tudo era dividido por igual.

Investimentos

Conforme as boas práticas de Educação Financeira é aconselhável que 30% da renda de cada pessoa seja destinada para investimentos, mas como disse acima os indivíduos da relação tem suas metas e objetivos pessoais, mas o casal também. 

Por isso é de suma importância discutir como cada um pode contribuir para a construção desse sonho.

Nesse item fica a critério de cada um qual será o valor disponibilizado para a construção e realização do objetivo, é mais justo se os valores destinados para os investimentos do casal forem iguais, mas tudo isso deve ser conversado.

E é por esse motivo que, como disse no primeiro trecho desse texto, não existe a necessidade das contas ou cartão serem um só, respeitar a liberdade financeira do outro é primordial.

Agora se o seu parceiro (a) não conseguir administrar esses itens que foram expostos aqui, talvez seja o momento de entender o objetivo dessa relação e o quanto cada um está disposto a fazer dar certo.

Bruna Cordeiro
Bruna Cordeiro é Palestrante e Consultora de Finanças, possui a Certificação Profissional ANBIMA Série 20, destinada a distribuição de Investimentos, Produtos e Serviços Financeiros. Tem como propósito mudar a vida das pessoas através da Educação Financeira.