Está sendo cada vez mais comum ver os jogadores de futebol de campo tampando a boca após o apito do juiz. O ato é na verdade um protesto da classe contra uma Medida Provisória (MP) aprovada na Câmara dos Deputados. Os jogadores acreditam que o novo texto da Lei Geral do Esporte fere os direitos trabalhistas destes profissionais.
O projeto ainda deve ser analisado pelo Senado Federal, para depois chegar ao presidente Jair Bolsonaro (PL) que pode permitir a sanção ou veto da lei. A fim de impedir que o projeto seja sancionado, jogadores de futebol de grandes clubes estão fazendo um ato de protesto antes do início da partida.
Os atletas colocam a mão na boca com o intuito de trazer a mensagem de que “Não iremos nos calar”. Eles também reivindicam o fato de não terem sido ouvidos sobre as alterações na Lei Geral do Esporte, enquanto os clubes puderam opinar.
O que pode mudar nos direitos dos jogadores de futebol
Em um primeiro momento, o texto que constrói a Lei Geral do Esporte, previa que quando demitidos os jogadores teriam direito de receber 50% do restante dos valores previstos até o fim do contrato. Esta parte do texto, no entanto, foi revista, e a lei voltou a garantir 100% do valor após a rescisão mesmo que o contrato tenha menos que 12 meses.
A lei, no entanto, traz outros artigos que podem agredir os direitos trabalhistas dos jogadores de futebol. Um exemplo é a medida que acaba com as premiações e luvas em dinheiro.
Além de diminuir a proporção trabalhistas dos ganhos, ao aumentar a verba paga com direito de imagem. Também foi aumentada a hora noturna do funcionário para a partir de 23h59.
Os atletas também pedem que aumente o peso do voto dos clubes nas eleições para presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
“Foi colocada em votação essa lei que tira vários direitos do atleta de futebol. E o atleta está certo (em protestar). Nenhum atleta foi ouvido. Nenhum treinador foi ouvido”, reclamou o treinador do São Paulo, Rogério Ceni.
Outras mudanças trazidas neste mesmo texto não são vistas como ruins. Os artigos pedem, por exemplo, a paridade no pagamento de premiações para homens e mulheres. Limita o patrocínio de casas de apostas, e busca prevenir os casos de exploração sexual nas categorias de base dos clubes.