Bancos Digitais: grandes aliados da inclusão financeira

Como diria Jorge Ben Jor, o Brasil é “um país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza”. Porém, infelizmente nem tudo são flores por aqui. Apesar do país possuir um clima muito agradável e estar ‘imune’ de grandes catástrofes naturais, como por exemplo terremotos, um ponto é muito preocupante: a desigualdade social e a falta de acesso aos serviços financeiros básicos por boa parte da população. Porém, como veremos, as contas digitais estão contribuindo para este cenário melhorar.

O Brasil é o quinto maior do mundo em extensão territorial com mais de 8,5 milhões de quilômetros quadrados e o sexto país com a maior população, com mais de 211 milhões de habitantes. Este território gigantesco e este grande número de pessoas acabam virando um grande desafio. Muitas destas pessoas vivem em áreas periféricas sem acesso a uma série de itens básicos, como por exemplo os serviços bancários.

População Desbancarizada

Considera-se ‘desbancarizado’ a pessoa que optou por não ter ou não utilizar uma conta bancária. Dentre os motivos para isso, uma pesquisa do Instituto Locomotiva, para quase metade das pessoas é o de não confiar nos bancos, e 29% dizem preferir lidar com dinheiro em espécie.

De acordo com levantamento feito pela Brink’s e pela Fundação Dom Cabral, em 2022, 38,5% dos brasileiros não possuem contas em bancos, número que é maior entre as mulheres (43,4%) do que entre os homens (33,2%). Em relação às regiões, o Nordeste tem a maior incidência, com 47,1% da população.

Para a Economia, isto traz algumas consequências. A principal é que estas pessoas, justamente por não estarem inseridas na economia formal, não terão acesso à serviços financeiros como empréstimos, cartão de crédito e financiamentos. De acordo com o Instituto Locomotiva, esta população faz girar R$ 347 bilhões por ano.

Um dos grandes fatores que aceleraram a inclusão financeira desta população foi a pandemia. Isto aconteceu por conta do Auxílio Emergencial, que, de acordo com um levantamento da Mastercard, foi recebido por mais de 66 milhões de pessoas. O aplicativo Caixa Tem foi o grande facilitador deste processo.

As fintechs e os desbancarizados

Em muitos casos, as pessoas até gostariam de ter acesso aos serviços financeiros, porém, seus municípios não possuem agências. De acordo com dados do Sindicato dos Bancários de São Paulo, 44% dos municípios brasileiros não possuem agências bancárias.

É aí que entram as fintechs. Tratam-se de soluções financeiras com base tecnológica que possibilitam o acesso aos mais variados serviços financeiros pelo meio digital. As contas digitais, por exemplo, unem serviços como conta corrente, pagamentos, cartão de débito, cartão de crédito, empréstimos e investimentos, com acesso totalmente digital e, em muitos casos, com taxas bem mais atrativas.

O movimento fintech começa em 1998, com o surgimento do PayPal, nos EUA e, do ponto de vista da inclusão financeira, já gera excelentes resultados no Brasil. De acordo com um levantamento feito pelas empresas Cinnecta, Zanzar e iDOOH, os moradores dos bairros periféricos da cidade de São Paulo estão cada vez mais interessados nos bancos digitais. Por exemplo, alguns bairros da zona Leste apresentam interesse em serviços digitais acima de 54%, enquanto bairros de zonas mais nobres, como por exemplo da zona Oeste, possuem percentuais inferiores a 40%.

De acordo com o levantamento, os principais interesses se dão em função da baixa (ou até mesma inexistente) cobrança de tarifas. Além disso, a agilidade e a desburocratização também são fatores que conquistam as populações de áreas periféricas.

Ou seja, seja por conta dos menores custos e serviços mais práticos, ou seja simplesmente pela falta de acesso aos bancos, as contas digitais ganham cada vez mais adeptos. 

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Victor Barboza
Meu nome é Victor Lavagnini Barboza, sou especialista em finanças e editor-chefe do FDR, responsável pelas áreas de finanças, investimentos, carreiras e negócios. Sou graduado em Gestão Financeira pela Estácio e possuo especializações em Gestão de Negócios pela USP/ESALQ, Investimentos pela UNIBTA e Ciências Comportamentais pela Unisinos. Atuo no mundo financeiro desde 2012, com passagens em empresas como Motriz, Tendere, Strategy Manager e Campinas Tech. Também possuo trabalho acadêmicos nas áreas de gestão e finanças pela Unicamp e pela USP. Ministro aulas, cursos e palestras e já produzi conteúdos para diversos canais, nas temáticas de finanças pessoais, investimentos, educação financeira, fintechs, negócios, empreendedorismo, psicologia econômica e franquias. Sou fundador da GFCriativa e co-fundador da Fincatch.