De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha, 1 a cada 4 brasileiros afirmou que não possuí comida suficiente para alimentar sua família. As informações foram divulgadas nesta segunda-feira, 27, pelo jornal Folha de S. Paulo. Foram ouvidos 2.556 brasileiros em 181 cidades entre os dias 22 e 23 de junho.
A maioria dos entrevistados, no caso 62%, afirmaram que têm alimento suficiente. Enquanto 26% responderam que não têm a quantidade ideal de comida para todos os membros familiares. E outros 12% disseram que o que possuem é mais que suficiente.
Desde o início da série de pesquisa que aconteceu em 11 e 12 de maio do ano anterior, 2021, o patamar se manteve praticamente o mesmo. E oscilou dentro da margem de erro com relação a pesquisa feita em março deste ano.
A comparação desta pesquisa sobre insegurança alimentar, e das anteriores, ficou assim:
- O suficiente: 62% (63% na pesquisa anterior, em março)
- Menos do que o suficiente: 26% (24% na pesquisa anterior)
- Mais do que o suficiente: 12% (13% na pesquisa anterior)
Impactos da falta de comida
A pesquisa do Datafolha ainda conseguiu descriminar quem mais sofre com a falta de comida na mesa. Isso, ao comparar a renda familiar e a região que esta população reside.
Foi possível perceber, por exemplo, que dos entrevistados cuja renda é de até dois salários mínimos (atualmente R$ 2.424), pelo menos 38% afirmaram que não tem o que comer.
Já quando a renda sobe para até cinco salários mínimos (R$ 6.060), o percentual caí para 14%. E ao comparar como vivem aqueles com renda mensal de até dez salários mínimos (R$ 12.120), 4% disseram não ter comida o suficiente.
Ainda relacionado a renda, a pesquisa questionou qual o atual estado de trabalho da população entrevistada. Dos desempregados, pelo menos 42% se queixaram de não ter alimentação suficiente. 39% daqueles que desistiram de buscar trabalho fizeram a mesma afirmação.
Enquanto isso, as donas de casa representam 38% e os autônomos são 27% do total entrevistado.
Sobe o valor dos alimentos
Uma pesquisa do Dieese, à pedido do Procon, mostrou que 27 dos 39 itens pesquisados nos supermercados tiveram reajuste entre abril e maio de 2022. O levantamento foi feito em São Paulo.
Foi possível perceber que o valor da cesta básica no estado chega a custar R$ 1.226,00. O valor é maior que o atual salário mínimo federal, que hoje paga R$ 1.212,00.
Em entrevista ao Jornal da Globo, a professora de economia do Insper, Juliana Inhasz, afirma que esse aumento acontece em todo país.
“Esse indicador mostra que, não só em São Paulo, mas em outras tantas capitais, o custo da cesta básica está muito elevado. Na verdade, só indica um tanto do que a gente já tem percebido ao longo dos últimos tempos, que é uma queda muito grande do poder de compra da população”, informou.