Maior banco digital da América Latina, o Nubank não vive uma boa fase na bolsa de valores. Suas ações na B3 se desvalorizaram mais de 60% desde o início do ano e terminaram a quarta-feira (22) cotadas a R$ 3,39. Essa queda acende o temor entre os investidores sobre a solvência do banco nos próximos meses. Afinal, o Nubank corre risco de falir?
O temor sobre o desempenho futuro do unicórnio (startup avaliada em mais de US$ 1 bilhão) cresceu ainda mais após o relatório do Itaú BBA divulgado na semana passada, em que a instituição recomenda aos seus clientes “ficar longe” das ações do Nubank.
O relatório ressalta que o gigantesco crescimento no número de clientes da fintech nos últimos meses — 61% entre o primeiro trimestre de 2021 e o primeiro trimestre de 2022, apenas no Brasil — contrasta com a queda na renda real dos brasileiros.
Além disso, a maior parte da receita do Nubank no primeiro trimestre, que foi 200% superior à receita do trimestre anterior, se deve à ampliação das carteiras de crédito dos seus clientes. Todos esses fatores, segundo o Itaú BBA, indicam que a inadimplência do banco deve crescer rapidamente.
Turbulência no mercado
A queda nas ações do Nubank é resultado de dois fatores principais. De um lado, é o reflexo de um movimento em escala global e que vem vitimando diversas empresas do setor financeiro, principalmente as de menor porte.
Com o aumento das incertezas na economia mundial, provocado, por exemplo, pela guerra na Ucrânia, e o aumento das taxas de juros em diversos países, com ênfase para os Estados Unidos, investidores têm procurado ativos mais seguros e fugido de ativos de risco, como o das startups e fintechs.
Por outro lado, o Nubank adotou uma estratégia arrojada de crescimento, que significou sacrificar lucros no curto prazo. Apesar da enorme ampliação no número de clientes, o banco terminou 2021 com prejuízo líquido de US$ 165,3 milhões. Em 2020, o prejuízo foi ainda maior: US$ 171,5 milhões. Essa demora em gerar lucro pode custar caro agora.
CEO do Nubank se diz tranquilo
Em entrevista recente ao Financial Times, o CEO do Nubank, David Vélez, disse não estar preocupado com o atual momento da instituição, que, segundo ele, está “muito próximo do ponto de equilíbrio no Brasil. Poderia ser totalmente lucrativo amanhã, mas estava colocando o crescimento em primeiro lugar”.
Vélez também apontou, inclusive, que o Nubank pode fazer aquisições, aproveitando a turbulência que atinge todo o mercado. “Haverá uma racionalização de algumas das fintechs que estão no mercado, provavelmente haverá alguma consolidação”.
O CEO destacou que as operações de cartão do crédito do banco, atividade em que o Nubank sempre se destacou, continuam altamente lucrativas.