Ações do varejo caem por conta da inflação dos mais pobres; entenda a relação

Em relação aos mais ricos, a inflação prejudica mais o poder de compra dos mais pobres. Essa inflação diferenciada também vem se refletindo não apenas no dia a dia, mas também em ações presentes na bolsa de valores brasileira, a B3. A análise foi realizada pelo Invest News.

Ações do varejo caem por conta da inflação dos mais pobres; entenda a relação
Ações do varejo caem por conta da inflação dos mais pobres; entenda a relação (Imagem: Montagem/FDR)

De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em 12 meses, a inflação dos mais pobres (que ganham menos de R$ 1.726) ficou em 12,7%.

Este nível está acima do que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que chegou a 12,13%.

O patamar também superou a elevação do custo de vida para os mais ricos (renda maior que R$ 17,2 mil). Neste caso, o aumento foi de 10,8%.

A bolsa de valores também reflete essa diferença. Enquanto companhias voltadas para consumidores de consumo amplo ou de menor poder aquisitivo estão entre as mais prejudicadas, as voltadas para os consumidores de maior poder aquisitivo estão com quedas menores.

Ações de varejo registram grandes perdas na bolsa de valores

As ações do Magazine Luiza são uma das mais impactadas pelo atual ciclo de juros e aumento da inflação. Estes fatores prejudicam grandemente o poder de compra dos consumidores. Os ativos do Magalu registram queda de aproximadamente 50% neste ano.

Neste mesmo sentido, os papéis da Via, dona da rede Ponto e das Casas Bahia, acumula queda anual de 39,1%. Outra empresa popular com desempenho adverso é a Natura, com diminuição de 34% neste ano.

Na outra ponta, estão os ativos do grupo Soma, que detém marcas como Hering e Farm. A desvalorização neste ano tem sido de 6%. As ações da Vivara, que atua no segmento de joias, estão próximas de zerarem a redução nos 12 meses. A baixa foi de 3,3%.

Em cada ativo, o diferencial vem sendo a capacidade da companhia de repassar aos consumidores o custo de aumento dos produtos. Isso se torna mais fácil para as empresas focadas aos consumidores de maior renda.

Como exemplo, a Vivara teve, no primeiro trimestre, um lucro quase 12 vezes acima do apresentado no mesmo período do ano anterior. Já o Magalu, no mesmo período, reverteu o lucro de R$ 258 milhões para um prejuízo, neste ano, de R$ 161 milhões.