Bolsonaro propõe novo vale alimentação ao suspender reajuste salarial dos servidores

Segundo informações de representantes do governo federal, o presidente da república, Jair Bolsonaro, tem pensado em mudanças para compensar a falta de reajuste nos salários dos servidores federais. A ideia é suspender o acréscimo de 5% nos pagamentos, e melhorar o vale alimentação dos funcionários.

As especulações indicam que Bolsonaro solicitou aos técnicos do Executivo o estudo para que fosse possível pagar mais que R$ 600 de vale alimentação aos servidores da União.

Desde que prometeu reajuste salarial apenas para as forças policiais, diversos trabalhadores de categorias ligadas ao governo passaram a pressionar o presidente. Diante disso, Jair havia levantado a possibilidade de subir em 5% o salário destes trabalhadores.

No entanto, entendendo os impactos financeiros que esse reajuste traria, o presidente parece ter freado suas ideias. Agora, tem pensado em substituir essa bonificação por um vale alimentação maior.

Atualmente, os servidores ligados ao poder Executivo e que estão ativos em suas funções recebem R$ 458 mensais para alimentação. Em contrapartida, funcionários ligados a Câmara dos Deputados, por exemplo, ganham R$ 982,29 nesta mesma bonificação.

Sem reajuste desde 2016, as informações levantadas pelos representantes do governo é que o pagamento do vale alimentação suba para pelo menos R$ 700 por mês. Embora oficialmente não há nada definido.

Até que o presidente e seus ministros tragam uma declaração oficial, alguns estudos e ajustes no Orçamento da União estão sendo estudados. Hoje, já estão bloqueados R$ 8,2 bilhões em verbas dos ministérios para que se possa cumprir a regra de teto de gastos.

Esta é uma grande preocupação do governo devido a Lei de Responsabilidade Fiscal. Logo, toda e qualquer mudança deve ser adotada com cuidado para que nenhuma infração seja cometida e o dinheiro público seja utilizado de forma coerente.

Quem vai ter direito ao vale alimentação

Outro ponto defendido pelos governantes é que um reajuste salarial beneficiaria a todos os servidores, isto é, ativos e inativos. Enquanto isso, a mudança no vale alimentação vai beneficiar apenas os funcionários que estão trabalhando atualmente.

Além disso, não há cobrança de Imposto de Renda sobre a ajuda para custear alimentação. O que aconteceria caso o reajuste caísse diretamente sobre os salários.

Integrantes do governo argumentam que o reajuste entre R$ 600 e R$ 700 alcança o crescimento da inflação dos últimos anos. E tem impacto menor nos cofres públicos, já que os salários dos servidores giram em torno de R$ 6 mil.

A ideia também é defendida porque os valores que deveriam ser bloqueados das pastas para bancar o reajuste são menores. Em outras palavras, o governo vai conseguir economizar e deixar os ministérios mais livres para usarem suas verbas.

O que pensam os servidores públicos

De acordo com uma reportagem do jornal O Globo, a ideia não agradou os representantes dos funcionários públicos federais. Isso porque, a mudança traria a exclusão dos servidores inativos e beneficiaria apenas os atuais trabalhadores.

Essa notícia traz muita revolta e indignação, preterindo os aposentados e pensionistas, que são as pessoas que mais precisam de recomposição por terem mais gastos. Vamos ter que dar um jeito de mobilizar os 1,2 milhão de aposentados e pensionistas, diante do tratamento desrespeitoso prestado pelo governo”, comenta Rudinei Marques, presidente do Fórum Nacional Permanente das Carreiras Típicas de Estado (Fonacate).

Em entrevista trazida pelo O Globo, Moacir Lopes, diretor da Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social (Fenasps), acredita na ira dos funcionários seja pelo reajuste de 5% no salário seja pela mudança no vale alimentação.

O diretor fala ainda sobre a falta de comprometimento nas palavras do Ministro da Economia, Paulo Guedes, e do presidente Jair Bolsonaro. Considerando as mudanças repentinas dos planos.

Lopes acredita que esse fato pode inclusive comprometer a candidatura de Bolsonaro. O presidente tem até o dia 30 de junho para tomar uma decisão, caso contrário, será considerado crime de responsabilidade. 

Lila CunhaLila Cunha
Formada em jornalismo pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) desde 2018. Já atuou em jornal impresso. Trabalha com apuração de hard news desde 2019, cobrindo o universo econômico em escala nacional. Especialista na produção de matérias sobre direitos e benefícios sociais. Suas redes sociais são: @liilacunhaa, e-mail: lilacunha.fdr@gmail.com