Pandemia teve um novo bilionário por dia; entenda o que fez isso acontecer

Pontos-chave
  • Pandemia criou novos bilionários no mundo
  • O patrimônio líquido dos bilionários cresceu 42%
  • Primeiro ano da pandemia foi onde aconteceu a maior parte dos ganhos dos bilionários

A pandemia foi um período difícil para a população mundial, porém, para o bolso dos ricos acabou sendo uma fase muito favorável. Desde 2020, cerca de 573 pessoas entraram para o hall dos bilionários, o que elevou para 2.688 a quantidade de bilionários no mundo, segundo uma análise revelada pela ONG Oxfam. Este resultado mostra que um novo bilionário surgiu em média a cada 30 horas ao longo da pandemia do coronavírus.

Este relatório, que é baseado em dados agrupados pela Forbes, examinou o crescimento da desigualdade nos últimos dois anos. Um encontro de algumas das pessoas mais ricas do mundo e de líderes mundiais está programada para acontecer ao mesmo tempo que o início da reunião anual do Fórum Econômico Mundial em Davos, Suíça. 

O patrimônio líquido dos bilionários cresceu 42% ou US$3,8 trilhões, subindo para um total de US$12,7 trilhões ao longo da pandemia. Uma boa parcela desde aumento foi estimulado por grandes ganhos nas bolsas de valores, que foram ajudadas por governos que aplicaram dinheiro na economia mundial como forma de mitigar o golpe financeiro causado pela pandemia.

O primeiro ano da pandemia foi onde aconteceu a maior parte dos ganhos dos bilionários. Após isso, a situação se estabilizou e vem caindo desde então, disse o chefe de política de desigualdade da Oxfam, Max Lawson.

Paralelo a isto, a pandemia do coronavírus e seus reflexos fez crescer a desigualdade e os preços de alimentos, situação que pode levar cerca de 263 milhões de pessoas à pobreza extrema em 2022, movimento que interrompe décadas de progresso, afirmou a Oxfam através de um relatório divulgado em abril.

“Nunca vi um crescimento tão dramático da pobreza e da riqueza no mesmo momento da história. Vai machucar muita gente”, disse Max.

Segundo Oxfam, em todo o mundo, os consumidores estão sofrendo com o crescimento dos custos da energia e dos alimentos, ao passo que as empresas destes setores e seus comandantes estão se beneficiando do crescimento de preços.

Nos últimos dois anos, bilionários do setor de alimentos e agronegócios tiveram sua fortuna total engordada em US$ 382 bilhões, ou 45%, após ajuste da inflação. Desde 2020, quase 62 bilionários do setor de alimentos foram criados.

Simultaneamente a isso, o patrimônio líquido de seus pares nos setores de petróleo, gás e carvão cresceu US$ 53 bilhões, ou 24%, desde 2020, logo depois do ajuste da inflação.

A industria farmacêutica criou quarenta novos bilionários durante a pandemia, que ficaram na vanguarda da batalha contra a Covid e foi beneficiada por bilhões em financiamento público. 

Outro setor que gerou muitos bilionários foi o da tecnologia, que inclui sete das dez pessoas mis ricas do planeta como Elon Musk, da Telsa, Jeff Bezos, da Amazon, e Bill Gates, da Microsoft. Estes magnatas viram sua riqueza aumentar em US$ 436 bilhões para US$ 934 bilhões nos últimos dois anos, após o ajuste da inflação.

Taxação dos ricos 

Como forma de segurar este crescimento vertiginoso da desigualdade e auxiliar os que batalham contra o crescimento de preços, a Oxfam vem pressionando os governos para tributar os ricos e as corporações.

Ela está pleiteando um imposto temporário de 90% que recairia sobre os lucros corporativos excedentes, assim como um imposto único sobre a riqueza dos bilionários. 

Também é desejado pela Oxfam a criação de um imposto permanente sobre a riqueza dos super-ricos. É sugerido uma taxa de 2% sobre ativos que superarem os US$ 5 milhões, crescendo para 5% para patrimônio líquido acima de US$ 1 bilhão. Com isso, poderia ser arrecadado US$ 2,5 trilhões no mundo todo.

Porém, os impostos sobre a riqueza não foram utilizados por muitos governos. Os esforços para conseguir cobrar tributos sobre o patrimônio líquido dos americanos mais abastados não conseguiram ir adiante no Congresso nos últimos anos.

Paulo Amorim
Paulo Henrique Oliveira é formado em Jornalismo pela Universidade Mogi das Cruzes e em Rádio e TV pela Universidade Bandeirante de São Paulo. Atua como redator do portal FDR, onde já cumula vasta experiência e pesquisas, produzindo matérias sobre economia, finanças e investimentos.