Reajuste do salário mínimo pode ficar abaixo da inflação; confira como investir para preservar seu poder de compra

Pontos-chave
  • O salário mínimo deve aumentar quase R$ 100 no próximo ano;
  • O valor pode subir ainda mais, se houve reajuste na inflação;
  • O piso salarial ficou abaixo da inflação no ano passado.

Nesta quinta-feira (19), a Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia comunicou que a estimativa de reajuste do salário mínimo para o próximo ano é de R$ 1.310,17. Isso representa uma alta de R$ 98,17 a partir de janeiro. Apesar do aumento, o reajuste do mínimo pode ficar abaixo da inflação.

Reajuste do salário mínimo deve ficar abaixo da inflação; confira como investir para preservar seu poder de compra
Reajuste do salário mínimo deve ficar abaixo da inflação; confira como investir para preservar seu poder de compra (Imagem: Montagem/FDR)

A perspectiva leva em conta a estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Este é a base, pelo governo, da correção anual do salário mínimo. A secretaria aumentou a previsão do índice deste ano de 6,7% para 8,1%.

Se for confirmada a nova estimativa do Boletim Macrofiscal, a quantia também será maior do que a projetada na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2023, enviada ao Congresso.

Essa proposta sugere um salário mínimo de R$ 1.294,00. Isso representa uma alta de R$ 82,00 em comparação ao mínimo atual — de R$ 1.212,00.

Apesar disso, caso a inflação aumente ainda mais, o governo deverá rever a quantia. Isso porque, segundo previsto por lei, o reajuste não pode ser abaixo do INPC.

A estimativa para o salário mínimo no ano que vem, de R$ 1.310,17, leva em conta que o governo manterá a sistemática adotada nos últimos anos — de não oferecer aumento real (acima da inflação) ao salário mínimo.

Segundo informações do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o salário mínimo funciona como referência para 56,7 milhões de brasileiros. Destes, 24,2 milhões são beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

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Reajuste do salário mínimo pode ficar abaixo da inflação

Apesar de a constituição prever que o reajuste do salário mínimo não fique abaixo da inflação, isso nem sempre acontece. Neste ano, o salário mínimo — de R$ 1.100 para R$ 1.212 — não repõe, de forma integral, o poder de compra do trabalhador.

Isso aconteceu porque o governo, ao definir a quantia, usou um INPC de 10,02%. No entanto, o indicador de inflação no ano passado foi maior, de 10,16%.

Sendo assim, para que o poder de compra seja reposto totalmente, o salário mínimo precisaria ser de R$ 1.212,70 neste ano. Ou seja, existe uma diferença de R$ 0,70 — ou R$ 1, se existisse um arredondamento. Com isso, o salário mínimo deste ano saltaria para R$ 1.213.

Ao ser questionado pelo UOL, o governo indicou que “historicamente, a diferença, seja negativa ou positiva, entre a estimação e o dado realizado do INPC é restabelecida na composição do salário mínimo do ano posterior”.

Sendo assim, a tendência é que os R$ 0,70 que ficaram faltando sejam adicionados ao reajuste do salário mínimo para 2023. A quantia definitiva será publicada no fim deste ano.

Em seus cálculos, o governo decidiu utilizar valores que não foram praticados, de fato. Se fossem consideradas as quantias verdadeiras do salário mínimo, com arredondamentos, seria maior a defasagem do salário mínimo.

Salário mínimo perde poder de compra pela primeira vez desde Plano Real

O presidente Jair Bolsonaro terminará seu mandato, em dezembro de 2022, como o primeiro presidente, desde o Plano Real, a deixar o salário mínimo valendo menos do que quando entrou. A perda será de 1,7%, segundo cálculos da corretora Tullett Prebon Brasil.

De qualquer forma, a diferença pode variar ainda mais. Isso caso a inflação acelere mais do que o estimado pelo mercado no boletim Focus, do Banco Central. Esta é a base das estimativas da corretora.

Descontada a inflação, o piso salarial cairá de R$ 1.213,84 para R$ 1.193,37 entre dezembro de 2018 e dezembro de 2022.

Essa perda inédita é explicada por duas razões. Uma delas é o ajuste fiscal, pelo peso do salário mínimo na indexação do Orçamento da União. Em outras palavras, os reajustes no piso impactam um conjunto de outras despesas, como benefícios sociais. A segunda razão é a aceleração da inflação.

Investidores podem aplicar em opções que mantenham o poder de compra
Investidores podem aplicar em opções que mantenham o poder de compra (Imagem: Montagem/FDR)

Como investir para manter o poder de compra

Por mais que o salário mínimo aumente constantemente, o preço das coisas segue aumentando. Sendo assim, ao realizar investimentos, o ideal é que a pessoa busque aplicações que rendam acima da inflação.

Na renda fixa, o cidadão consegue investir com mais segurança. Entre as aplicações que podem ser consideradas, estão os títulos do Tesouro Direto. O Tesouro IPCA+ paga uma taxa fixa mais a variação da inflação. Esses retornos são pagos na data estabelecida no momento da compra do título.

Atualmente, a taxa Selic está em 12,75%. Esse índice afeta diversos investimentos de renda fixa, que são atrelados a ele.

Conforme simulações do buscador de investimentos Yubb, ao g1, estas aplicações proporcionam rendimento líquido real (descontada a inflação) no período de 12 meses: Tesouro Selic, CDB de banco médio, LC, LCA, LCI, RDB e debênture incentivada.

Silvio Suehiro
Silvio Suehiro possui formação em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC). Atualmente, dedica-se à produção de textos para as áreas de economia, finanças e investimentos.
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