Empréstimos podem passar por sérios problemas com aumento do desemprego; entenda

Pontos-chave
  • Como ficam os empréstimos em meio ao desemprego em alta
  • Rendimento real habitual do trabalhador encolheu 8,8% no trimestre encerrado em fevereiro
  • População está procurando empréstimo para sobreviver ou empreender

Segundo a Pnad Continua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o Brasil possui atualmente cerca de 12 milhões de brasileiros que estão sem trabalho e renda formal. O Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) subiu a expectativa para a inflação neste ano: 6,5%, percentual bem superior ao teto da meta. Como ficam os empréstimos em meio a isso?

Esta pergunta aparece pois em meio a uma inflação que tende a permanecer, com juros altos, desemprego e baixa expectativa de crescimento na economia, a projeção é que o mercado de trabalho siga desestruturado, na visão do diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Fausto Augusto Júnior

De acordo com a Pnad, o rendimento real habitual do trabalhador encolheu 8,8% no trimestre encerrado em fevereiro deste ano, ante o mesmo período do ano passado. Com isso, de acordo com o levantamento, a renda média foi reduzida para R$ 2.511, contra  R$ 2.752, registrado em fevereiro do ano passado.

“Uma pessoa ou família que comprometa quase metade do rendimento mensal com empréstimo terá condições de honrar a dívida e ainda sobreviver neste contexto econômico? O que se dizer, então, sobre quem está negativado e, possivelmente, desempregado?”, perguntou o presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae), Sergio Takemoto em revista ao portal Monitor Mercantil.

Fausto Augusto complementou dizendo ao mesmo portal que “Estamos falando de rendas baixas e que podem ficar bem menores com a contratação de dívidas. Estão construindo um modelo que, passadas as eleições, vai retirar ainda mais de quem já tem muito pouco.”

Segundo Sérgio, a questão não é a concessão de crédito para a população e sim para o que ele enxerga como “combinação de extremo risco” tanto para quem pega o empréstimo quanto para o próprio banco público.

“A economia brasileira está deprimida por uma política de governo que paralisou a possibilidade de o trabalhador ter emprego e renda. Defendemos medidas anticíclicas. Contudo, esses ‘pacotes de bondades’ do governo – com mais linhas de empréstimo à população já economicamente massacrada – tratam-se, na verdade, de uma jogada para atrair milhões de pessoas que recebiam auxílio emergencial, por exemplo, e agora têm ainda menos condições de honrar qualquer dívida contraída”, disse ele.

Na visão de Sérgio, a população que ou vai atrás de empréstimo para conseguir sobreviver ou para empreender por necessidade, e não por questão de oportunidade.

“Eles abrem seus pequenos negócios por estarem desempregados, por não enxergarem outra saída para a sobrevivência. No desespero, caem na armadilha do empréstimo e, possivelmente, na lista de inadimplentes”, destacou.

De acordo com uma pesquisa feita pelo Dieese a pedido da Fenae foi revelado que os aumentos reais do salário mínimo, descontados a inflação, acompanhada pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), estão cada vez mais baixos ou até mesmo zerados, como aconteceu nos últimos três anos, inclusive em 2022. 

No governo atual, somente em 2019 aconteceu um reajuste real do salário, no percentual de 1,14%.

Na visão de analistas do Mitsubishi UFJ Financial Group, Inc (MUFG), eles disseram ao Monitor Mercantil aguardar “a manutenção da alta taxa de desemprego até o final deste ano. Do lado positivo, vemos espaço para alguma aceleração da criação de empregos no segmento de serviços prestados às famílias que é intensivo em mão de obra e ainda é muito inferior ao pré-pandemia em fevereiro de 2020”.

Eles finalizam dizendo que “De um modo geral, o crescimento econômico é limitado pelo cenário de alta inflação e juros projetados para este ano que limita a demanda e, portanto, leva a desacelerar o ritmo de reação do emprego. Nesse cenário, a recuperação do mercado de trabalho nos próximos meses tende a ser mais frágil, uma vez que pode se concentrar no mercado de trabalho informal com renda instável e perdendo poder aquisitivo com a inflação. Esperamos taxa de desemprego de 11% até o final deste ano e 11,2% na média do ano.”

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Paulo Amorim
Paulo Henrique Oliveira é formado em Jornalismo pela Universidade Mogi das Cruzes e em Rádio e TV pela Universidade Bandeirante de São Paulo. Atua como redator do portal FDR, onde já cumula vasta experiência e pesquisas, produzindo matérias sobre economia, finanças e investimentos.