Enquanto brasileiros ‘fogem’ da inflação, população de outro país torce para ela chegar; entenda

Em meio a alta de preços, grande parte das pessoas deve se perguntar se existe algum lugar no mundo onde a inflação alta é desejada. E sim, existe, e é o Japão. Há anos o pais vem colocando em prática medidas para conseguir subir a inflação, mas não obtém  sucesso.

O banco central do país quer que a inflação do Japão gire em torno de 2%, nível considerado saudável.

Mas você deve estar pensando como um efeito que tanto prejudica o poder de compra da população pode ser uma boa? 

“Modelos econômicos básicos dizem que um nível modesto de inflação é o que alimenta o crescimento de uma economia. Economistas que pensam dessa forma argumentam que a deflação do Japão é a razão de seu crescimento lento”, disse a professora Ulrike Schaede, da GPS School of Global Policy and Strategy na Universidade da Califórnia ao portal Terra.

Sendo assim, sem inflação, a economia de um país dificilmente cresce. Os desequilíbrios só acontecem quando as alterações de preço são exageradas, com quedas ou altas acentuadas.

O crescimento  de preços da energia, fertilizantes e culturas básicas como o trigo, em decorrência da guerra da Rússia com a Ucrânia, levou o Japão a registrar a maior elevação anual em 30 anos. Porém, o crescimento de preços ainda é mais baixo do que a do restante do mundo.

Mas o que deixa a situação do Japão diferente, é que depois de décadas de deflação, a população do país reluta em pagar mais caro pelos produtos. 

“Se você acha que os preços das coisas que você precisa vão cair como resultado da deflação, você adia a compra e espera”, explicou à BBC News Mundo (serviço de notícias em espanhol da BBC) Hiroyuki Ito, chefe do Departamento de Economia da Portland State University.

Se os consumidores acreditam que os preços praticados amanhã serão mais altos, ele certamente optará por comprar o mais rapidamente possível. O estado de deflação do Japão faz com que as empresas dificilmente reajustem preços e os salários que ficam em patamares semelhantes durante anos.

“Os consumidores são incentivados a adiar os gastos e as empresas perdem oportunidades de reajustar preços para melhorar suas margens. Como resultado, fica difícil atender à taxa de crescimento potencial”, disse ao Terra Junichi Inoue, diretor de ações japonesas da Janus Henderson.

Paulo Amorim
Paulo Henrique Oliveira é formado em Jornalismo pela Universidade Mogi das Cruzes e em Rádio e TV pela Universidade Bandeirante de São Paulo. Atua como redator do portal FDR, onde já cumula vasta experiência e pesquisas, produzindo matérias sobre economia, finanças e investimentos.