IPI: atual corte do imposto não gera redução nos preços de eletrodomésticos e carros

Pontos-chave
  • Consumidores não estão sentindo o corte do IPI nos produtos
  • Empresários acreditam que corte no IPI serve apenas para segurar maiores reajustes
  • Reajustes de preços seguiram entre os meses de fevereiro e março

Os consumidores brasileiros ainda não estão sentindo os reflexos do corte de 25% na alíquota do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), sendo 18,5% para os veículos, que está em vigor desde o dia 25 de fevereiro, segundo indicadores de inflação. 

Na última sexta, 8, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) foi divulgado e revelou que os bens duráveis como maquina de lavar, geladeira, fogão e carro, passaram a pagar menos imposto, porém, os preços permaneceram aumentando nos últimos dois meses.

Segundo empresários e economistas, este corte no imposto para eletrodomésticos e veículos não está trazendo uma queda nos preços destes bens em decorrência de dois fatores: outros itens permanecem pressionando os custos e uma parcela do corte do IPI ficou no meio do caminho, isto é, se tornou margem de lucro na cadeia, entre a fábrica e a loja.

De acordo com profissionais procurados pelo UOL, o ciclo de reajustes nos preços das matérias-primas seguem encarecendo os custos da indústria. Em decorrência disso, eles dizem que existe um espaço mínimo para redução de preços para os consumidores nos próximos meses, mesmo que o corte no IPI siga vigorando.

Na visão de empresários e economistas, o máximo que o corte no IPI pode fazer é segurar um reajuste mais alto nos eletrodomésticos e veículos.

“É claro que o corte do IPI tem algum efeito. Mas o IPI é parte dos impostos, que por sua vez são parte dos custos. O preço final no varejo até pode cair algo nos próximos meses, mas uma parte da redução do imposto vai ficar na cadeia de custos. O ideal seria corte permanente da carga tributária, que hoje chega a 37%”, disse ao UOL, Fábio Pina, assessor econômico da FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de São Paulo).

Somente o item televisores passou por uma redução de preços no mês passado, entre os bens duráveis beneficiados pela redução do IPI. Porém, essa redução se deve mais à queda do dólar. Praticamente todos os materiais usados nos aparelhos são importados.

Outros itens duráveis até passaram por uma desaceleração nos preços, porém os reajustes seguiram entre os meses de fevereiro e março.

Confira as variações nos preços de alguns bens de consumo duráveis nos últimos dois meses, de acordo com o IPCA, realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas).

Variação mensal em fevereiro e março pelo IPCA 

A indústria permanece correndo contra a inflação de custos, para conseguir recompor as margens de lucros. No acumulado em 12 meses, todos os eletrodomésticos e veículos acumulam reajustes mais altos que a inflação média, medida pelo IPCA.

Variação em 12 meses até março pelo IPCA 

Demais pressões de custos

A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) que reúne as montadoras de veículos, projetou que o corte de preços ao consumidor final ficaria entre 1,4% a 4,1%, a depender dos modelos e da estratégia comercial adotada por cada fabricante.

Quanto mais alta é a alíquota do IPI, maior é seu peso no preço final. Como os modelos com motores mais potente pagam alíquotas mais altas de IPI, esses veículos poderiam ter uma redução de preços mais significativa.

Porém, Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, diz que outros insumos usados na indústria automobilística seguem pressionado os custos de produção. Um exemplo é petróleo que segue em alta e encarecendo produtos como plástico e demais materiais petroquímicos. 

“A inflação que estamos enfrentando continua impactando os custos de produção, de insumos, de combustíveis e energia. O IPI ajudou a atenuar os aumentos de custos, mas as montadoras fizeram um repasse da redução do IPI ao menos em parte”, disse Luiz.

Paulo Amorim
Paulo Henrique Oliveira é formado em Jornalismo pela Universidade Mogi das Cruzes e em Rádio e TV pela Universidade Bandeirante de São Paulo. Atua como redator do portal FDR, onde já cumula vasta experiência e pesquisas, produzindo matérias sobre economia, finanças e investimentos.
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