Brasil se torna um dos países mais endividados entre os emergentes; o que vai acontecer?

O “Relatório do Índice de Dívida Soberana 2021” divulgado pela gestora global de ativos Janus Henderson Investors, revelou que a dívida soberana ativa do Brasil subiu 27,2% ao longo da pandemia. Ao mesmo tempo que o crescimento da dívida do Brasil foi mais baixa em comparação com outros países da América Latina, nosso país ainda detém a maior proporção de dívida em relação ao PIB nos Mercados Emergentes (com exceção da Argentina).

O Brasil fechou o último ano com um estoque da dívida de 82% do PIB. É projetado que  esta proporção chegue nos 90% até 2025, patamar altíssimo para um país de mercado emergente e que pode trazer preocupação para os investidores sobre a sustentabilidade da dívida do país.

Também é mostrado pelo relatório a degradação da dinâmica da dívida per capita: no ano passado o Brasil possuía uma dívida média de US $5.880 per capita e é previsto que este valor suba para US $6.668 até 2025.

O mundo todo constatou o crescimento da dívida soberana em meio a pandemia do coronavírus. Este aumento foi sentido especialmente nos Mercados Emergentes. 

Ao passo que a maior parcela do crescimento nominal da dívida dos ME em 2021 foi estimulada pela China, que teve um aumento líquido de US$ 650 bilhões em sua dívida soberana e que foi o maior salto na dívida nominal de qualquer país no último ano, a dívida global nos ME engordou 14,8% no ano passado, ante a média global de 7,8%.

Bethany Payne, gerente de carteira de títulos globais da Janus Henderson, falou que:

“A pandemia teve um enorme impacto sobre os empréstimos do governo – e as consequências estão destinadas a continuar por algum tempo ainda”. Na América Latina, muitos governos responderam à crise sanitária com políticas fiscais ambiciosas para apoiar suas populações e economias, mas, em alguns casos, esses gastos criarão desafios para a dinâmica da dívida pública nos próximos anos”.

Mesmo que ainda seja cedo para concluir qualquer coisa que seja a respeito da eficácia do aumento da dívida emitida ao longo da pandemia ante o custo futuro de níveis mais elevados de endividamento, o relatório fala que a forte recuperação econômica mundial trouxe  uma melhoria na relação dívida global / PIB para 80,7% em 2021 (comparado com 87,5% em 2020), uma vez que a recuperação da atividade econômica superou o aumento do endividamento.

Paulo Amorim
Paulo Henrique Oliveira é formado em Jornalismo pela Universidade Mogi das Cruzes e em Rádio e TV pela Universidade Bandeirante de São Paulo. Atua como redator do portal FDR, onde já cumula vasta experiência e pesquisas, produzindo matérias sobre economia, finanças e investimentos.