Primeira queda de preços desde o início na pandemia deve acontecer em maio no Brasil

Pontos-chave
  • Alívio do custo da energia deve ajudar na queda da inflação;
  • Cotação do dólar também deve ajudar na queda dos preços;
  • A prévia oficial da inflação de março foi a maior para o mês em sete anos.

Em maio, o Brasil deve ter uma leve queda de preços. Essa redução seria para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial brasileira. A informação foi realizada pela economista-chefe do Banco Inter, Rafaela Vitória, ao Bloomberg.

Primeira queda de preços desde o início na pandemia deve acontecer em maio no Brasil
Primeira queda de preços desde o início na pandemia deve acontecer em maio no Brasil (Imagem: Montagem/FDR)

Caso a previsão de concretize, seria a primeira queda de preços desde o começo da pandemia de coronarívus, em maio de 2020. A economista-chefe do Inter estima que a inflação diminuirá 0,20% em maio.

Isso aconteceria por conta do alívio no custo da energia — diante da retomada dos reservatórios de água —, e da consequente implementação da bandeira verde a partir de maio. Hoje, a bandeira está no nível mais alto, de escassez hídrica.

Existe a previsão de que, em março e abril, os índices devem continuar pressionados. Entre os motivos, está o aumento das commodities, causado pela guerra entre Rússia e Ucrânia.

Cotação do dólar também deve ajudar na queda de preços

Além da questão energética, a desvalorização do dólar deve aliviar a inflação. Isso em um contexto em que o Banco Central deverá encerrar o ciclo de aumento dos juros. A Selic deve chegar ao pico de 12,75% em maio. Atualmente, a taxa básica de juros está em 11,75% ao ano.

Segundo Rafaela, a sinalização da autoridade monetária, de que finalizará o aumento de juros, faz mais sentido atualmente. Ela ainda declara que o câmbio contribui para esse cenário.

Diante da atenuação do câmbio, a economista alega que os valores locais dos combustíveis já estão com prêmio de aproximadamente 5% sobre o mercado internacional.

Ou seja, o preço dos combustíveis não deve mais subir. Ainda existe espaço para queda, caso as condições atuais sejam mantidas.

A autoridade monetária vem indicando que a inflação deve chegar ao pico em abril. Diante disso, a Selic não deve passar por uma alta adicional em junho — depois do aumento para 12,75% em maio. Diante deste cenário, o ciclo de elevação monetária se encerraria, provavelmente.

Para realizar as previsões, a economista considerou um dólar a R$ 5,00. Sendo assim, caso a moeda norte-americana se mantenha no patamar atual — de cerca de R$ 4,70 —, o alívio nos preços pode ser ainda maior.

A especialista explica que a valorização do real auxilia a aliviar o reflexo do aumento das commodities e bens industriais. Ela declara que o país vem passando por um grande fluxo cambial.

Rafaela informa que o progresso também beneficia a melhora das contas públicas — que ajuda na valorização do real. No entanto, a possível alta de gastos em período eleitoral se torna uma ameaça ao resultado fiscal em 2022.

O preço dos alimentos impactou fortemente os brasileiros em março
O preço dos alimentos impactou fortemente os brasileiros em março (Imagem: Montagem/FDR)

Previa da inflação de março

O IPCA-15, a prévia oficial da inflação oficial, ficou em 0,95% em março. Em comparação ao mês anterior, houve uma queda de 0,04 ponto percentual. Apesar disso, essa foi a maior variação para um mês de março desde 2015, segundo informado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O IPCA-E, acumulado do IPCA-15 no primeiro trimestre, ficou em 2,54%. No mesmo período do ano anterior, o crescimento tinha sido de 2,21%.

No acumulado dos últimos 12 meses, o IPCA-15 chega a 10,79%. Nos 12 meses imediatamente anteriores, o indicador tinha sido de 10,76%.

No IPCA-15 de março, foram observadas variações positivas em todos os nove grupos de produtos e serviços pesquisados. A grande destaque foi alimentos e bebidas, com a maior variação (1,95%).

O aumento dos alimentos foi puxado pelas altas dos preços de alimentos para com consumo domiciliar (2,51%). Isso aconteceu por conta da influência de fatores climáticos — como chuvas no Sudeste e estiagem no Sul.

Diante deste cenário, houve uma disparada nos valores da cenoura (45,65%), tomate (15,46%) e frutas (6,34%). Os aumentos também impactaram os preços da batata-inglesa (11,81%), ovo de galinha (6,53%) e leite longa vida (3,41%).

Por outro lado, no período, foram vistas quedas nos preços do frango em pedaços (-1,82%) — cujos valores já tinham reduzido em fevereiro (-1-31%).

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Silvio Suehiro
Silvio Suehiro possui formação em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC). Atualmente, dedica-se à produção de textos para as áreas de economia, finanças e investimentos.