Brasileiro precisa trabalhar por 130 horas para comprar cesta básica; entenda

A alta da inflação que chegou à casa dos dois dígitos no acumulado de 2021 tem influenciado diariamente na rotina financeira do brasileiro. Hoje, é preciso trabalhar por 130 horas para comprar uma cesta básica. Além de despesas que tendem a ficar mais caras eventualmente, como a energia, gás de cozinha, combustível, os alimentos têm sido os itens de maior peso no bolso do trabalhador. 

Uma apuração baseada no cenário econômico e faixa salarial referente aos últimos três anos mostrou que é preciso fazer 23 horas e 30 minutos de serviço extra ganhando um salário mínimo para adquirir uma cesta básica na cidade de São Paulo (SP).

O tempo mencionado equivale a cerca de três jornadas de oito horas de trabalho diárias. Os valores identificados levam em consideração a cesta básica composta por itens de consumo básico.

Ainda assim, o aumento registrado no preço da cesta básica nos últimos três anos foi de 48,35%, passando de R$ 482,40 para R$ 715,65. Sendo assim, é preciso fazer 130 horas extras ganhando um salário mínimo de R$ 1.212 para adquirir o produto. Em um cenário não tão distante, precisamente em fevereiro de 2019, o número de horas de trabalho necessárias era 106. 

O resultado mais recente da periódica Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos feita pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), mostrou que o salário mínimo ideal deveria ser de R$ 6.012,18, cerca de cinco vezes maior do que o piso atual, correspondente a 396%. A quantia foi determinada considerando a situação de uma família composta por quatro pessoas, sendo dois adultos e duas crianças. 

A suposição de gastos abrangeu despesas com alimentação, moradia, educação e saúde. Vale destacar que o salário mínimo vigente no Brasil não foi reajustado acima da inflação, reposição que não acontece desde 2019, desde então, os trabalhadores não têm um ganho real. 

A mudança efetivada nestes últimos anos está relacionada ao fim da Lei nº 13.152, cujo propósito era estabelecer a reposição da remuneração baseada na expectativa do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do ano em questão. 

Mas não é só isso, também era necessário considerar o aumento do Produto Interno Bruto (PIB), que para quem ainda não sabe, consiste na soma de todos os bens e serviços produzidos em território brasileiro. Mas no caso específico da inclusão do PIB, a soma considerava o índice correspondente a dois anos antes. 

Com o passar dos anos e a variação da inflação, o salário mínimo passou de R$ 998 para R$ 1.212. Esta variação equivale a um percentual mais de 22% inferior em relação ao apresentado pela cesta de itens básicos aos consumidores no mesmo período. 

Ao analisar a composição da cesta básica, a maior variação notada foi a da carne, com uma disparada de 75% no valor final considerando a aquisição de seis quilos da proteína. Contudo, a quantia representa uma jornada superior a 48 horas para custear esta compra. O litro do leite, quilo do arroz, farinha, tomate, pão, café, açúcar, óleo e manteiga também tiveram altas expressivas.

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Laura Alvarenga
Laura Alvarenga é graduada em Jornalismo pelo Centro Universitário do Triângulo em Uberlândia - MG. Iniciou a carreira na área de assessoria de comunicação, passou alguns anos trabalhando em pequenos jornais impressos locais e agora se empenha na carreira do jornalismo online através do portal FDR, onde pesquisa e produz conteúdo sobre economia, direitos sociais e finanças.