Petrobras: entenda os possíveis impactos da troca de comando da empresa para o seu bolso

Pontos-chave
  • Troca de comando da Petrobras acontece a seis meses das eleições;
  • Novo presidente da estatal é especializado no setor de energia;
  • Consumidores anseiam política de preços justa com a nova mudança.

A Petrobras tem conquistado a mídia nos últimos dias devido à mais recente alta no preço dos combustíveis. Agora, a estatal terá um novo chefe, que tomará o lugar no general da reserva, Joaquim Silva e Luna. 

Quem estará à frente da Petrobras daqui em diante é o economista Adriano Pires. Diante do cenário de conflitos junto ao presidente da República, Jair Bolsonaro, especialistas já haviam premeditado esta troca. 

Porém, a nova chefia foi confirmada somente após uma queda das ações da estatal em 4,1% para a mínima de R$ 30,98. Ainda que a recuperação tenha ocorrido logo em seguida, as ações fecharam em R$ 31,60, reduzindo a queda para 2,17%. 

Embora a queda não pareça significativa aos olhos de leigos, foi o bastante para cessar uma sequência de nove altas consecutivas do Ibovespa. Resultado desta situação foi o principal indicador do mercado acionário fechar com uma leve queda de 0,29% a 118,7 mil pontos. 

Qual o significado da troca de comando da Petrobras?

Antes de apresentar uma resposta precisa, é importante destacar que este cenário é uma incógnita histórica. Voltando um pouco no tempo, a chegada de Joaquim Silva e Luna ao poder da estatal teve o objetivo de substituir Roberto Castello Branco que, no momento em que conseguiu alinhar os propósitos com os dos acionistas, começou a contrariar o presidente da República, Jair Bolsonaro. 

Em resumo, Castello Branco se empenhou para promover melhorias nos serviços e produtos oferecidos pela Petrobras, por meio, especialmente, da extração de petróleo. Contudo, a estatal se afastou brevemente do ramo tecnológico com a venda de combustíveis e refino. 

Esta iniciativa permitiu que a Petrobras conseguisse quitar a maior parte das dívidas e retomar o pagamento dos dividendos aos acionistas. Entretanto, a medida necessária, o reajuste nos preços dos combustíveis, não foi do agrado dos caminhoneiros, que compõem uma das principais bases de apoiadores de Bolsonaro, levando a uma nova troca de comando em meio a protestos. 

Silva e Luna foi uma novidade e tanto para a própria Petrobras e qualquer terceiro envolvido neste cenário pelo fato de ser um militar e não ser conhecido neste setor. Um ponto de vista diferente quanto à chefia de Luna surgiu assim que sua nova equipe tomou conhecimento sobre o controle da hidrelétrica de Itaipu, e que decidiu manter a estratégia de Castello Branco. 

O resultado foi um lucro recorde de R$ 106,67 bilhões no ano de 2021, ficando atrás apenas da Vale, cujo rendimento foi de R$ 121,2 bilhões.   

Quem é o novo presidente da Petrobras?

Adriano Pires, novo presidente da Petrobras é basicamente um especialista no setor de energia, graduado em Economia, possui mestrado em Planejamento Energético e doutorado em Economia Industrial.

Ele é o fundador da consultoria Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), e coordena uma vasta gama de projetos e estudos para a indústria de gás natural, a política nacional de combustíveis, o mercado de derivados de petróleo e gás natural. 

Mesmo com tamanha formação, Pires traçou um caminho como consultor sem nunca ter chegado à direção de uma grande corporação, até a Petrobras, a maior e principal empresa brasileira no mercado internacional.

Vale destacar que, assumir a responsabilidade de liderar uma empresa com um histórico politicamente fragilizado no meio da reta rumo ao pleito eleitoral requer competência, técnica, conhecimento empresarial e político.

Nos últimos anos, Pires criou se tornou uma figura cética e um tanto quanto crítica quanto a políticas de controles de preço. Neste sentido, a CBIE publica semanalmente a estimativa de defasagem dos preços do petróleo. Em uma de suas redes sociais na última segunda-feira, 28, ele fez a seguinte declaração:

“Acho que o risco de intervenção na Petrobras antes das eleições é muito baixo por duas razões.  A primeira é que a regulamentação e o compliance da empresa após a Lava Jato dificulta muito que tanto a diretoria quanto o Conselho de Administração tomem ações que possam prejudicar os acionistas. Segundo, se o presidente Bolsonaro interviesse na empresa, seria acusado de fazer a mesma política que Lula”.

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Laura Alvarenga
Laura Alvarenga é graduada em Jornalismo pelo Centro Universitário do Triângulo em Uberlândia - MG. Iniciou a carreira na área de assessoria de comunicação, passou alguns anos trabalhando em pequenos jornais impressos locais e agora se empenha na carreira do jornalismo online através do portal FDR, onde pesquisa e produz conteúdo sobre economia, direitos sociais e finanças.