- Cenoura foi o alimento que mais encareceu nos últimos 12 meses
- Efeitos climáticos influenciam nos aumentos
- Apenas cinco frutas passaram por redução de preço
De acordo com um levantamento feito pelo FGV/IBRE, a inflação de 31 alimentos hortifrutigranjeiros do IPC/FGV tiveram uma alta acumulada de 24,35% nos últimos 12 meses terminados em março. As hortaliças e legumes lideraram o ranking com um aumento médio de 31,43% no período. Logo depois aparecem as frutas, com um crescimento médio de 10,87%. O aumento foi de quase três vezes da inflação média medida pelo IPC-10/FGV (9,2%).
Este crescimento nos preços já virou meme na internet e nas conversas do dia a dia. Um grande exemplo dos aumentos é a cenoura, quer viu seu preço mais que dobrar nos últimos 12 meses, representando um aumento de 121,18%.
Alimentos mais caros
Na lista dos 10 alimentos que mais encareceram, somente um deles passou por um reajuste inferior a 20% nos últimos 12 meses: cenoura (121,18%), maracujá (62,61%), mamão papaya (61,67%), tomate (55,87%), pimentão (46,29%), repolho (36,05%), melancia (34,2%), aipim / mandioca (27,26%), alface (26,2%) e o coentro (19,53%).
Alimentos mais baratos
Por outro lado, somente cinco tipos de frutas conseguiram ter uma redução de preço no período dos últimos 12 meses terminados em março: morango (-1,39%), maçã (-4,12%), tangerina / mexerica (-5,99%), banana d’água ou nanica (-7,85%) e limão (-10,05%).
Clima
O pesquisador e economista do FGV IBRE, Matheus Peçanha, disse em nota remetida ao Invest News, que a lavoura de curto prazo vem enfrentando problemas climáticos, como a seca histórica e generalizada decorrente do fenômeno climático La Niña, e também problemas de chuvas excessivas no Sudeste e secas localizadas no Centro-Oeste.
“O acúmulo desses choques de oferta foi determinante na escalada atual do preço dos hortifrutis. O problema do excesso de chuva na região da mata mineira e no Espírito Santo, áreas que contribuíram com metade da produção nacional de cenoura, foi o que mais impactou pra encontrarmos esse item a um preço tão alto atualmente”,disse ele.
De quem é a culpa da inflação?
De acordo com a pesquisa DataFolha divulgada nesta segunda, 28, 75% dos brasileiros colocam a culpa no atual governo de Jair Bolsonaro pela alta da inflação, que em 2021, fechou em 10,06% e segue aumentando.
A pesquisa mostrou ainda que 36% dos entrevistados atribuem muita responsabilidade ao governo, este índice estava em 41% em setembro. Já 39% atribuem um pouco de responsabilidade, ao passo que na pesquisa anterior eram 34%. Já outros 22% alegam que o governo não possui nenhuma responsabilidade, contra os 23% registrados anteriormente.
Considerando o total, 75% dos entrevistados dizem que o governo é responsável, pelo menos em parte, pelo crescimento dos preços, mesmo com os esforços do presidente para aprontar outros responsáveis como o conflito na Ucrânia, o preço do petróleo e, em especial, os governadores, a quem Bolsonaro culpa pela adoção de políticas de restrição de circulação decorrentes da pandemia.
Segundo uma pesquisa realizada recentemente pelo instituto Ipespe, o medo da inflação vem aumentando na população, com 77% dos entrevistados se queixando dos preços que “aumentaram muito” e 79% acreditando que o cenário irá piorar, podendo refletir diretamente na reeleição de Bolsonaro.
Em 2021, a inflação fechou em 10,06%, o maior patamar desde 2015, e segue subindo. O IPCA (Índice Geral de Preços ao Consumidor Amplo) a inflação oficial do país medida pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostrou um crescimento de preços de 1,01% em fevereiro, o que leva a inflação de 12 meses para 10,54%.
A pesquisa Datafolha foi feita entre os dias 22 e 23 de março e entrevistou 2.556 pessoas em 181 cidades de todo país. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
Inflação refere-se a um aumento contínuo e generalizado dos preços em uma economia. É comum que se divida a inflação em três categorias, com base na causa: de demanda, de custos e inercial.
A inflação de demanda diz respeito ao aumento de preços que se observa em casos onde o poder aquisitivo da população sobe em disparidade com a capacidade que a economia tem de prover os bens e serviços demandados. Em outras palavras, quando a demanda supera a oferta.