Supermercado vai ficar mais caro: Guerra deve elevar preços dos alimentos; entenda

No último ano, o Brasil enfrentou uma inflação acima dos 10% e 2022 começou com um cenário ainda pressionado e com números elevados. O IPCA fechou o mês de janeiro em 0,54%, o maior patamar para o mês desde 2016, impulsionado em especial pelo setor de alimentos. Até o momento, a projeção para este ano estava variando entre 5,5% e 6%. Porém, esta expectativa pode pior em decorrência da guerra na Ucrânia.

Um dos reflexos que devem ser percebidos mais rapidamente é no preço do trigo, um dos tipos de grão mais utilizados na alimentação, uma vez que é encontrado nas massas, pães, bebidas, entre outros. O Brasil importa este produto, uma vez que consome mais do que produz. 

No ano passado, o Brasil produziu 7,7 milhões de toneladas de trigo e importou cerca de 6,2 milhões de toneladas, principalmente da Argentina. 

Mesmo que a importação direta da Ucrânia ou da Rússia não seja significativa, o Brasil irá perceber o efeito da alta nos preços que pode acontecer em decorrência do conflito. De acordo com a consultoria Agroconsult, os preços internacionais já cresceram 20% desde o começo de 2022 e devido a guerra, tendem a subir ainda mais.

Outro grão imprescindível na alimentação animal é o milho, que também deve afetar a inflação. Especialistas disseram que o produto já está com cotações altas no mercado global e que qualquer aumento acima disso ira pressionar mais fortemente os custos dos produtos de carne. A Ucrânia responde por quase 16% das exportações de milho no mundo.

O impacto também atinge os fertilizantes. O maior fornecedor para o Brasil deste produto é a Rússia, respondendo por quase 20% os adubos comprados pelo País. É justamente nesta época do ano que os produtores estão adquirindo os fertilizantes para a safra 2022/2023, e o crescimento dos custos decorrentes da guerra virou um motivo de preocupação. 

Junto a tudo isso está o preço dos combustíveis que impacta diretamente e indiretamente a inflação. Na última semana, logo depois da inflação russa, o barril do petróleo ultrapassou os US$ 105. A moeda americana, que tende a se fortalecer, também deve pressionar os preços.

Paulo Amorim
Paulo Henrique Oliveira é formado em Jornalismo pela Universidade Mogi das Cruzes e em Rádio e TV pela Universidade Bandeirante de São Paulo. Atua como redator do portal FDR, onde já cumula vasta experiência e pesquisas, produzindo matérias sobre economia, finanças e investimentos.