‘Selic’ da Rússia é aumentada para 20%; entenda os impactos da guerra nos juros do país

Pontos-chave
  • Banco Central da Rússia aumentou juros após desvalorização do rublo;
  • Os custos de empréstimos russos tendem a ser afetados pela medida;
  • A economia russa deve ser impactada pelas sanções de países do Ocidente.

Após a invasão à Ucrânia, a Rússia passou a sofrer retaliações econômicas. Como resultado, nesta segunda-feira (28), o rublo russo chegou a perder 30% do valor em relação ao dólar. Diante disso, no mesmo dia, o Banco Central da Rússia aumentou a taxa básica de juros local de 9,5% para 20%.

De acordo com o Banco Central da Rússia, as condições externas para a economia local “mudaram drasticamente”. O aumento da taxa básica de juros tem o objetivo de defender a economia e a moeda local.

A autoridade monetária declara que o aumento de juros garantirá uma elevação nas taxas de depósitos “para níveis necessários a fim de compensar a maior depreciação do rublo e os riscos de inflação.

Por conta das sanções internacionais, o rublo atingiu a mínima histórica nesta segunda. A moeda russa chegou a até 119,50 por dólar. Isso representa uma queda de 30% em comparação da última sexta-feira (25).

O Banco Central afirma que possui o intuito de auxiliar na estabilidade financeira e de preços. O BC também indicou o objetivo de proteger as economias da população de se depreciar.

A autoridade monetária ainda revelou que serão tomadas outras decisões sobre os juros locais. Isso com base nos riscos com as condições externas e internas, e a reação dos mercados financeiros — além da inflação e suas perspectivas.

De acordo com o ministro da Economia da França, Bruno Le Maire, as sanções econômicas, aplicadas pelo Ocidente, causarão o “afundamento da economia russa”.

Ao Globo, o professor associado da Fundação Dom Cabral e ex-diretor do Banco Mundial, Carlos Primo Braga, declara que o aumento de juros terá implicação para os custos de empréstimos na Rússia. Segundo ele, “para o país é um cenário de estagflação”.

Sanções financeiras aplicadas à Rússia

Neste fim de semana, os Estados Unidos, União Europeia, Reino Unidos e outros países anunciaram diversas sanções à Rússia. Entre as ações impostas, está a retirada da bancos russos do sistema de transferência financeira internacionais Swift.

Ainda houve o congelamento de uma parcela das reservas do Banco Central russo mantidas no exterior. As sanções buscam causar recessão na economia da Rússia.

Por conta da preocupação de restrições aos saques, houve formação de filas em caixas eletrônicos e bancos na Rússia. Apesar disso, a autoridade monetária declarou que conta com “recursos necessários e ferramentas para manter a estabilidade financeira”.

À BBC, o executivo-chefe da consultoria Micro-Advisory, Chris Weafer, informa que as sanções vêm afetando os russos de um modo que as sanções anteriores não impactaram. Por conta disso, ele declara que, agora, a população está se conscientizando disso.

De acordo com o analista, há comentários de que as empresas precisarão diminuir o horário de trabalho — ou ainda suspender a produção. Isso porque as companhias não conseguem acessar partes fundamentais do Ocidente, por conta das sanções ou limitações comerciais.

O comércio global deve ser impactado pelas sanções sobre a economia da Rússia
O comércio global deve ser impactado pelas sanções sobre a economia da Rússia (Imagem: Montagem/FDR)

Reflexos das sanções para o crescimento da Rússia

Segundo o Instituto de Finanças Internacionais, possivelmente, a última rodada de sanções provocará uma contração considerável na economia russa neste ano. A informação foi revelada pelo The Wall Street Journal.

A vice-economista do instituto, Elina Ribakova, prevê uma contração de pelo menos 10% do Produto Interno Bruto (PIB) russo. Ela ainda espera uma inflação de dois dígitos — por conta das sanções.

Na visão de Ribakova, provavelmente, a Rússia será forçada a dar calote em sua dívida externa de cerca de US$ 60 bilhões. Isso devido à falta de acesso a moeda estrangeira necessária para o pagamento.

O instituto estima uma significativa e repentina queda na atividade econômica para a Rússia. A entidade também alerta que a pressão de desvalorização do rublo forçará o Banco russo a elevar consideravelmente as taxas de juros.

para a economia mundial, o grande reflexo das sanções recentes sobre a economia da Rússia será, provavelmente, no comércio. O instituto estima valores mais altos das commodities, pois as sanções ao BC da Rússia tornam mais difícil para a nação exportar energia e outras commodities.

Silvio SuehiroSilvio Suehiro
Silvio Suehiro possui formação em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC). Atualmente, dedica-se à produção de textos para as áreas de economia, finanças e investimentos.