- Dólar registrou queda significativa para R$ 5,05 nesta semana;
- Moeda norte-americana teve baixa de R$ 4,78% em relação ao real;
- Instabilidade do dólar sofre influências da Selic e tensões entre Rússia e Ucrânia.
Em 2021, o dólar teve um avanço de 7% em relação ao real, que por sua vez, conquistou a denominação de moeda do G20 que mais perdeu valor no ano passado. Um outro fator que influenciou neste cenário deixando a desejar foi a baixa acumulada em 12% pelo Ibovespa no decorrer dos últimos 12 meses.
Diante do cenário passado, esperava-se que a situação ficasse ainda mais crítica em 2022 pela influência das eleições presidenciais. Mas contrariando as expectativas, o mercado brasileiro tem conseguido alavancar, apesar dos efeitos da guerra entre a Rússia e Ucrânia que registrou os primeiros conflitos na manhã desta quinta-feira, 24.
Desde que as ameaças da Rússia sobre uma invasão na Ucrânia se intensificaram há algumas semanas, o dólar tem registrado baixas. A última queda significativa foi na terça-feira, 22, quando a moeda passou a valer R$ 5,05, atingindo o menor patamar em oito meses.
Apenas em fevereiro, a queda da moeda norte-americana foi de 4,78% em relação ao real, o que, no acumulado de 2022, pode gerar uma desvalorização de 9,39%.
Influência da Selic no dólar
Nas últimas semanas, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) apresentou a expectativa de mercado que elevou a Selic para 10,75% ao ano. A taxa chegou à casa dos dois dígitos pela primeira vez desde 2017.
Baseado em práticas anteriores, sempre que a Selic aumenta o dólar cai. Este resultado é proveniente da relevância da Selic, embora seja importante mencionar que não é a única variável que influencia na cotação do dólar.
Para a economista Paloma Brum, sempre que há um aumento na taxa Selic, a expectativa é para que os títulos públicos se tornem mais atrativos, especialmente se houver juros reais positivos. É justamente nessa hora que o investidor estrangeiro é instigado a investir o capital em títulos públicos do Governo Federal.
Ao analisar o cenário atual e de um futuro próximo, acredita-se que a tendência é de estabilidade para o dólar, ainda que em um patamar inferior. Porém, isso deve acontecer somente quando o pleito eleitoral chegar ao fim.
Tensão entre Rússia e Ucrânia
A tensão entre a Rússia e a Ucrânia impactou, principalmente, a bolsa de valores americana e europeia, mesmo antes da guerra se consolidar. Desde então, o S&P 500 apresentou uma queda de 10,25% somente nestes primeiros meses de 2022. Em contrapartida, o Ibovespa subiu 8,63% no mesmo período, aparentemente, percorrendo um caminho único e indiferente ao conflito.
Para o analista de investimentos, Matheus Jaconeli, uma provável tese capaz de explicar este otimismo consiste no fortalecimento do real em meio à guerra, diante do envolvimento da migração de capitais das regiões mais sensíveis às circunstâncias atuais.
“Uma tese que fica no radar é a de que o fluxo de capitais que está saindo da Rússia pode ser redirecionado para o mercado brasileiro, outro país emergente. E como vemos essa massa de investimentos vindo para o Brasil, há o fortalecimento do real perante o dólar”, declarou.
É preciso entender que o estresse entre os países também tem o poder de interromper as cadeias energéticas. A consequência mais notória é a valorização dos preços de commodities como o Petróleo.
A Rússia é um polo de produção de petróleo, cujo preço foi elevado para US$ 100 nesta quinta-feira, 24, se consolidando como o maior de todos em sete anos. A alta foi registrada após o presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciar uma operação militar contra a Ucrânia visando proteger a população da Região de Donbass.
Logo, a guerra afeta diretamente o mercado do petróleo. Outro fator que impacta este cenário são as sanções impostas pelos Estados Unidos da América (EUA) e pela União Europeia, que têm o poder de pressionar direta e indiretamente o preço da energia.
A recomendação é para que os investidores acompanhem de perto e com atenção os passos dados pelo presidente russo, Vladimir Putin em relação à Ucrânia. Em determinado momento, o acirramento do conflito pode adquirir o potencial necessário para valorizar o dólar, uma vez que pela história, em momentos de estresse os investidores buscam se proteger em moedas fortes.