A proposta sobre legalização dos jogos de azar no Brasil não deixa de ser um assunto polêmico, sobretudo entre a bancada evangélica na Câmara dos Deputados. Embora o grupo não tenha demonstrado um parecer favorável desde o princípio, ele tem apresentado uma posição mais amena diante do interesse de apoiar os propósitos do presidente da República, Jair Bolsonaro.
Conforme apurado, a Frente Parlamentar Evangélica do Congresso Nacional é nitidamente contra o projeto de lei que dispõe sobre a legalização dos jogos de azar na Câmara dos Deputados.
A proposta abrange bingos, cassinos e até mesmo o jogo do bicho. No entendimento dos parlamentares da bancada, a legalização terá o poder de intensificar a lavagem de dinheiro, bem como o tráfico de drogas e o vício em apostas.
Os deputados alegam que os prejuízos seriam ainda maiores do que os benefícios financeiros que seriam obtidos através da arrecadação de impostos. Ainda assim, alguns deputados afirmam que uma eventual aprovação do projeto de legalização dos jogos de azar não irá estremecer o apoio da bancada a Bolsonaro, mesmo com o apoio de uma boa parte do governo.
Os aliados acreditam ser preferível continuar manter o apoio a Bolsonaro para que ele tenha um respaldo significativo enquanto dá suporte a pautas conservadoras. Segundo os deputados, um rompimento deste apoio seria prejudicial à imagem do presidente, além da possibilidade de vangloriar adversários políticos considerados de esquerda, como o ex-presidente e também pré-candidato ao pleito eleitoral de 2022, Luiz Inácio Lula da Silva.
Na visão dos deputados com maior influência na bancada evangélica, de todos os pré-candidatos à presidência da República, Bolsonaro é o que mais demonstra similaridade com os ideais cristãos.
Vale lembrar que no mês de dezembro do ano passado, houve uma votação no plenário da Câmara dos Deputados que aprovou a caráter de urgência por 293 votos a favor e 136 contrários o requerimento que visa agilizar os trâmites do PL que prevê a legalização dos jogos de azar no Brasil.
Em outras palavras, trata-se de uma apreciação preliminar, deixando o texto pronto para ser votado no plenário a caráter conclusivo. Contudo, há um entendimento para que o tema seja avaliado somente no mês de fevereiro de 2022 baseado em uma sugestão do próprio presidente da Câmara, Arthur Lira, que indicou a análise para o ano que vem, embora tenha defendido a iniciativa.
“Todos sabem que há cassino, bingo, caça-níquel, apostas virtuais, jogo do bicho. Todos sabemos que isso existe, mas tem que existir na clandestinidade para que continue sem gerar empregos e sem arrecadar impostos?”, questionou Lira em seu parecer.