- A definição das futuras taxas inflacionárias pode agravar a tensão entre Ucrânia e Rússia;
- A guerra predominante no leste europeu tem a capacidade de causar sérios problemas nos cálculos inflacionários;
- Se a tensão entre a Ucrânia e a Rússia piorar existe a possibilidade de a OTAN determinar uma série de sanções no país.
Uma certa tensão tem sido causada após atritos entre a Ucrânia e a Rússia, devido a movimentações do Federal Reserve. A situação envolve a futura definição das taxas de juros aplicadas pelos Estados Unidos da América (EUA).
O primeiro impasse foi provocado pela divulgação de uma ata do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês). O documento foi levado conhecimento público logo no início deste ano, e foi tema de alguns debates no decorrer do mês de janeiro.
A Gavekal, uma das casas de research mais influentes do mundo, o foco da tensão entre a Ucrânia e Rússia deveria estar voltado às manchetes que abordam exclusivamente a crise que a Ucrânia tem enfrentado. É importante destacar que, nitidamente, existe uma razão para a atenção da maior parte dos investidores estar voltada ao andamento da política monetária de todo o mundo.
É o caso da inflação dos EUA, que atingiu um dos maiores patamares em 50 anos. Logo, a expectativa é para que a instituição monetária tome alguma iniciativa para tentar controlar a situação econômica do país. O fato é que a guerra predominante no leste europeu tem a capacidade de causar sérios problemas nos cálculos.
Na oportunidade, o analista Anatole Kaletsky, destacou as “implicações de mercado para um conflito na Ucrânia são binárias e enormes”. A declaração foi feita em um relatório publicado pela casa research na última segunda-feira, 31. Kaletsky acredita que este mês de fevereiro seja decisivo e de grande influência para a reação do mercado, seja em meio a pioras ou melhorias.
Se a tensão entre a Ucrânia e a Rússia piorar, o que pode acontecer somente com a reles menção sobre uma invasão à Ucrânia, existe a possibilidade de a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), pode determinar uma série de sanções no país.
“Putin provavelmente responderá cortando o fornecimento de gás natural para a Europa e restringindo as vendas de petróleo, fazendo com que os preços do petróleo subam acima de US$ 100”, pontuou Kaletsky.
Sendo assim, a Gavekal acredita na existência de uma crise inflacionária a nível mundial, bastante parecida com a que aconteceu no biênio de 1973-1974. Na época, a Organização dos Países Árabes Exportadores de Petróleo (OPAEP) fez um embargo da exportação da commodity, na qual o preço do barril passou de US$ 3 para US$ 12.
O resultado deste cenário seria o agravo monetário em um nível drástico por todo o mundo, bem como um bear market a longo prazo, como aconteceu na década de 1970. Na época, a taxa Fed Funds atingiu a marca de 20%, visando conter a disparada do cenário. Assim como na década mencionada, a definição da trajetória dos juros e dos mercados consiste no preço da energia elétrica, bem como dos combustíveis.
Impactos da crise entre Ucrânia e Rússia
Na hipótese de se conseguir evitar este conflito, os resultados devem ser bastante positivos. Por isso a casa research supõe um cenário no qual as negociações entre a nova arquitetura de segurança no leste europeu provocam o enfraquecimento das sanções entre a Rússia e o lançamento de um oleoduto Nord Stream 2.
Em contrapartida, a intenção é para que, em troca, Putin concordasse em elevar as exportações de óleo e gás. O destaque da casa Gavekal diz que, independentemente da resolução desta situação, é crucial acompanhar todos os desdobramentos da fronteira da Ucrânia.
“Independentemente da forma como esta situação se resolva, as perspectivas de mercado podem agora depender menos da filosofia monetária do Fed do que do resultado da crise. Felizmente, as projeções de algum tipo de resolução pacífica pareceram ganhar força no final de semana, quando ucranianos, alemães e franceses se distanciaram da retórica belicosa do governo Biden”, finalizou Kaletsky.