Em 2021, o dólar teve um ano de valorização frente ao real. Até a última semana, a alta foi de cerca de 6%, subindo dos R$5,20 registrados em janeiro do ano passado para os atuais R$5,70.
De acordo com especialistas procurados pela CNN Brasil, neste ano, o dólar ainda deve permanecer acima dos R$5. Eles acreditam em um possível espaço de queda, especialmente com o ciclo de alta de juros que deve permanecer ao longo do ano, porém fatores nacionais e internacionais deixam este efeito limitado.
Aqui no Brasil, o fator mais importante é a eleição presidencial com uma disputa polarizada. Já fora do país, qualquer alteração na política monetária dos EUA, especialmente nos juros, pode impactar de forma negativa o real frente ao dólar.
Dólar em 2021
O coordenador do MBA em Gestão Financeira da FGV, Ricardo Teixeira, disse que a cotação de uma moeda sempre é feita com base em uma “realidade e em uma expectativa”. De modo geral, quando as duas convergem, há uma estabilidade nas variações.
Este não vem sendo a situação do real frente ao dólar ao longo dos últimos anos. Mesmo que fatores internos ajudem neste resultado, o motivo maior ainda é a pandemia e seus reflexos.
“Em 2020 e em 2021 nós tivemos no mundo uma situação atípica pela pandemia. Não sabíamos como as economias iam reagir, o que teria de oferta regular e oferta afetada. Por conta disso, as oscilações foram ocorrendo”, disse Teixeira.
Ele afirma que o cenário foi ficando mais previsível ao longo do tempo, e a situação atual está mais perto de uma estabilidade. Porém, qualquer novidade relacionada com o assunto, como o aparecimento de uma variante nova, promove novos medos que favorecem o dólar, moeda que os investidores tendem a usar como proteção pelos investidores.
Cenário interno em 2022
Neste ano, o cenário doméstico deve ter dois grandes elementos que vão influenciar o comportamento da moeda americana frente ao real, na visão de André Perfeito, economista-chefe da Necton, o Brasil.
Um desses elementos é a taxa de juros, que está atravessando um dos períodos mais intensos de alta em meio a inflação elevada. Na teoria, uma taxa Selic mais alta atrai mais investimentos estrangeiros, uma vez que o rendimento dos títulos do Tesouro é atrelado a ela, elevando a entrada de dólar e valorizando o real.
O outro elemento é a expectativa alta para as exportações com commodities que também favorecem o câmbio, pois isto faz com que haja mais entrada de dólar. A projeção de queda da inflação é, ainda, um ponto positivo, segundo ele.