- Quase todas as ações do Ibovespa fecharam em queda nesta quarta;
- O índice da Bolsa foi afetado pela ata do Banco Central dos Estados Unidos;
- As decisões da política monetária dos EUA podem impactar o mercado global.
Nesta quarta-feira (5), a Bolsa de Valores brasileira registrou a terceira queda consecutiva. No fechamento o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, caiu 2,42%, a 101.005 pontos. A B3 foi impactada pelas incertezas causadas pela ata do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos Estados Unidos).
No acumulado semanal, a Bolsa brasileira já registra desvalorização de 3,64%. Durante 2021, a B3 tinha registrado perdas de 11,93%, sendo a primeira queda anual desde 2015.
O resultado desta quarta representa a maior redução diária desde 26 de novembro — além de ser o menor patamar de fechamento desde 1º de dezembro do último ano.
Das 93 ações do Ibovespa, 89 fecharam o pregão em queda. Dentre estas, 46 registraram desvalorização acima de 4%. O volume de negociação das ações do índice foi de R$ 22,5 bilhões.
Bolsa brasileira cai diante da ata do Banco Central dos EUA
A queda recente da Bolsa foi acentuada diante da ata da última reunião de política monetária do Fed. O mercado financeiro interpretou o comunicado da instituição como um posicionamento mais duro contra a inflação nos Estados Unidos.
O Federal Reserve informou que discutiu uma alta nas taxas de juros antes do estimado. Além disso, foi conversado sobre uma diminuição na sua carteira geral de ativos.
De modo geral, os mercados de ações tiveram uma reação negativa à postura mais dura do Banco Central norte-americano. Isso porque um aperto mais rápido e intenso da política monetária dos EUA diminuiria a liquidez dos mercados mundiais.
Como resultado, os ativos de renda variável, especialmente emergente, seriam afetados pelas medidas do Fed.
Em dezembro, o comunicado publicado juntamente com a decisão de política monetária, o Federal Reserve tinha indicado que a meta de inflação foi cumprida.
A instituição sinalizou que, em março, finalizaria as aquisições de títulos — que foram implantadas em meio à pandemia de covid-19. Diante disso, até o final deste ano, há a possibilidade de haver três altas na taxa de juros.
No entanto, a ata aponta que o Fed tem apresentado ainda mais preocupação com a inflação. Depois da publicação deste documento, os contatos futuros de taxas de juros dos Estados Unidos indicavam aproximadamente 80% de chance de elevação de 0,25 ponto percentual na taxa de juros em março.
A ata também apresentou a possibilidade de reduzir a carteira de títulos do Tesouro e dos lastreados em hipotecas acumulados em meio à pandemia. Isso aconteceria em um nível acima do publicado até então.
Importância da ata do Banco Central dos EUA para o mercado global
De forma periódica, o Federal Open Market Committee (Fomc, o Comitê Federal de Mercado Aberto) se reúne para estabelecer os rumos econômicos dos Estados Unidos. Depois da reunião, há a divulgação da ata do Fomc.
Este documento apresenta detalhes deste encontro. O registro aponta os motivos pelos quais a comissão toma certas decisões. Isso serve para corroborar a política monetária dos Estados Unidos.
O Fomc tem a responsabilidade de supervisionar e controlar as operações de mercado dos sistema financeiro norte-americano. O comitê é o órgão de política monetária mais importante do Federal Reserve.
O comitê se responsabiliza pelas tomadas de decisões sobre as taxas de juros. Também há a responsabilidade pelas ações relativas ao aumento de oferta de moeda dos Estados Unidos.
Como se trata da maior economia global, medidas da nação norte-americana tem o potencial de influenciar o cenário global. Por conta disso, o registro na ata, além das medidas tomadas, é observado pelo mercado financeiro, em geral.
Sobre o documento mais recente, em entrevista à Bloomberg, o economista-chefe da Amherst Pierpont Securities, Stephen Stanley, explica que a ata do Fed pode oferecer “detalhes adicionais sobre as condições que o Fomc gostaria de ver antes de subir os juros”.
Ele declara que “os principais itens seriam pistas sobre o raciocínio para o início do processo — se o comitê entende que haverá um tempo entre o fim das compras de ativos e a primeira ata de juros”.