O governo está preparando para 2022, ano em que o Tesouro Direto completa 20 anos, o lançamento de um título com foco especial na aposentadoria individual dos investidores através da plataforma do programa de venda online.
Em sua primeira entrevista como comandante do Tesouro Nacional, o secretário Paulo Valle falou com o Estadão a respeito dos estudos que vem sendo feitos para o Tesouro Direto-Previdência, que integrará o cardápio dos papéis oferecidos.
Este modelo de investimento terá um período de acumulação entre 30 a 40 anos, em que o aplicador não receberá o pagamento pelo Tesouro do fluxo de juros no papel. Só após este período, ele começará a receber o pagamento todos os meses, de forma semelhante a aposentadoria.
Se um investidor desejar, por exemplo, uma renda de R$5 mil após 40 anos, ele saberá quantos títulos deverá adquirir para assegurar essa renda mensal de aposentadoria por um período de 20 anos.
“Hoje, o mercado de previdência fala muito da rentabilidade. Não fica claro qual é a renda que o poupador vai ter. Temos que mirar a renda”, disse Valle. A expectativa é que o novo papel seja lançado em algum momento do ano que vem é lançar o novo papel ao longo de 2022.
O secretário avalia que este tipo de título possui um caráter de educação financeira e previdenciária muito relevante. Ao falar sobre possíveis resistências que podem surgir, ele ressalta que quando o Tesouro Nacional foi concebido, há vinte anos, a indústria de fundos não foi favorável a ideia e depois veio a reconhecer a importância do programa.
O novo papel tem inspiração nos estudos do Nobel de Economia, Robert Merton, do seu colega Arun Muralidhar, e mais recentemente no do brasileiro Fabio Giambiagi.
Juntamente com os colegas Mauricio Dias Leister., Arlete Nese e André Dovalski, Fábio publicou um artigo a respeito do tema pelo Instituto Brasileiro de Economia (IBRE) da FGV.
ESG
O Tesouro também está com estudos desenvolvidos para efetuar a emissão de títulos públicos com a marca “ESG” de boas práticas em áreas ambiental social e de governança.
De acordo com Otavio Ladeira de Medeiros, subsecretário da Dívida Pública do Tesouro, o governo está trabalhando para definir quais serão os indicadores utilizados como referência para a emissão desse tipo de título.