Diante dos impactos que a pandemia da Covid-19 causou em vários setores, os brasileiros enfrentaram dificuldades financeiras e precisaram remanejar as prioridades para dar conta da subsistência. Mas em meio a tantos problemas e incertezas, vários auxílios foram concedidos por meio da transferência de renda, amparando milhares de pessoas.
O principal foi o auxílio emergencial, lançado em meados de abril de 2020, cujo último pagamento foi efetuado em outubro deste ano após liberar 17 parcelas. Durante 17 meses, quase 40 milhões de brasileiros puderam receber o benefício, sem contar tantos outros auxílios concedidos por iniciativas privadas, estaduais ou municipais.
Mas considerando o fim do auxílio emergencial, 22 milhões de brasileiros seguem sem nenhum amparo financeiro desde o mês passado. Muitas destas pessoas enxergaram no Auxílio Brasil, novo programa social que substitui o Bolsa Família, uma saída para obter algum recurso extra.
Essa esperança foi alimentada pelas promessas do Governo Federal de ampliar a capacidade de beneficiários atendidos a valores atrativos. No entanto, a equipe técnica do Governo Federal enfrenta muitos impasses orçamentários, o que tem impedido o cumprimento da promessa de elevar o valor do Auxílio Brasil, bem como o número de famílias atendidas pelo programa.
Desta forma, milhares de brasileiros que ficaram de fora da nova transferência de renda precisam literalmente se virar sem emprego e renda para manter as contas de casa e colocar comida na mesa.
Vale ressaltar que os outros auxílios concedidos tiveram critérios de concessão mais rígidos e limitados, dificultando que mais pessoas tivessem acesso a eles. É o caso de Adriana dos Santos, de 46 anos de idade que não foi incluída no Auxílio Brasil. Hoje, a mulher sobrevive junto com a filha de cinco anos de idade apenas com uma pensão alimentícia no valor de R$ 600.
Na etapa inicial do auxílio emergencial ela teve a oportunidade de receber parcelas no valor dobrado de R$ 1.200, mas que com a renovação em 2021, foi reduzido para R$ 375. Ambas as quantias se tratavam da oferta do Governo Federal para mães solteiras chefes de famílias monoparentais.
No entanto, durante todo esse período praticamente todo o dinheiro foi usado nas despesas do tratamento da filha que sofre de amigdalite crônica.
Desempregada e residente na cidade de Angra dos Reis (RJ), Adriana sobrevive esporadicamente de faxinas quando encontra alguma. Ela ainda conta que, com a drástica redução no valor do auxílio emergencial neste ano, precisou cortar ainda mais os gastos.
“Tive que pedir ajuda nas igrejas, algumas pessoas da família me ajudaram, mas todos têm suas dificuldades também, e está tudo muito caro”, contou.