Nos últimos tempos a região Nordeste se deparou com o aumento no faturamento de vendas pelo e-commerce. Uma das razões para o amplo fluxo de vendas está relacionada à liberação de auxílios financeiros à população local.
O aumento nas vendas pode ser visto, sobretudo, no comércio de eletrônicos, o que não passou despercebido pelas grandes varejistas. Por esta razão, grandes redes têm investido em construção e na expansão de centros de distribuição em toda a região.
O foco desta estratégia é Recife, em Pernambuco, onde foi lançada uma medida de incentivo do Governo Estadual com o propósito de estimular a instalação dos centros de distribuição.
Na oportunidade, a consultoria de consumo digital, NeoTrust, avaliou os dados referentes ao primeiro trimestre de 2019 até o primeiro trimestre deste ano.
Assim, foi possível identificar que o faturamento das vendas no Nordeste alavancou de R$ 2,2 bilhões para R$ 5,6 bilhões. Em comparação aos segundos trimestres dos mesmos períodos, o valor final triplicou. Por isso, a representante da Inteligência da NeoTrust, Paulina Gonçalves Dias, mencionou a potência do consumo na região.
Para ela, a base de comparação, o movimento de expansão natural após o Sudeste e o poder de compra impulsionado pelo auxílio emergencial são fatores influenciados para chegar a estes resultados.
Enquanto isso, a professora do departamento de graduação e pós de Economia da Universidade Federal de Pernambuco, Tatiane Menezes, ressaltou o impacto do auxílio emergencial na renda dos trabalhadores.
Mas não para por aí, o crescimento natural da digitalização também refletiu nas vendas no Nordeste. Foi então que ela questionou se na falta da recessão da pandemia, se a economia regional teria o mesmo impacto. Para ela, trata-se de um conjunto de fenômenos simultâneos.
“O auxílio com certeza teve impacto na renda das famílias daqui. Muitas passaram a sobreviver só com o auxílio, outras por conta da pandemia migraram para o e-commerce. Agora, o quanto isso vai sustentar com o fim da pandemia, não se sabe”, declarou a economista.
Em entrevista ao O Globo, o economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Fabio Bentes, analisou o impacto da nova transferência de renda nas vendas do e-commerce.
Para ele, o programa social seria capaz de trazer um novo gás para o varejo no geral, mas faz um alerta para os efeitos futuros na economia.
“É um programa importante, mas esse tipo de recurso tem que ser feito de maneira criteriosa. O efeito do ganho depois é corroído pela inflação, tanto das famílias quanto dos empresários”, disse.