- A bolsa brasileira já tem desvalorização acima de 10% em 2021;
- Ibovespa também está entre as piores bolsas ao considerar a taxa de câmbio;
- O cenário interno vem afetando a B3.
O Ibovespa, principal índice da bolsa de valores brasileira, a B3, teve o segundo pior desempenho do mundo em 2021. De 78 países considerados, a bolsa brasileira ficou atrás apenas da bolsa da Venezuela. O ranking foi realizado pela agência de classificação de risco Austin Rating, a pedido do portal G1.
O levantamento da Austin Rating comparou a variação de 79 índices nacionais, em bolsas de 78 nações pelo mundo. A apuração considera o resultado acumulado em 2021, até o fechamento de novembro.
De acordo com o ranking, o Ibovespa segue na contramão da tendência mundial dos mercados acionários — inclusive de nações emergentes. A mediana das variações das bolsas globais neste ano foi de aumento de 13,6%. A bolsa de valores do Brasil registrou desvalorização de 14,4%.
O IBC da Venezuela, que registrou o pior desempenho, caiu 99,5% no acumulado anual. Vale destacar que a Venezuela passa por um cenário de hiperinflação há anos.
Dentre os 79 índices pesquisados, somente 9 tiveram perdas neste ano. As bolsas que tiveram desempenho negativo em 2021 foram:
- IBC Venezuela – variação anual de -99,5%
- Ibovespa Brasil – variação anual de -14,4%
- HSI Hong Kong – variação anual de -13,8%
- MSE Malta – variação anual de -9,1%
- KLCI Malásia – variação anual de -7,0%
- NZX ALL Nova Zelândia – variação anual de -4,9%
- FTSE Colômbia – variação anual de -3,8%
- S&P/BVL Peru – variação anual de -2,0%
- KOSPI Coreia do Sul – variação anual de -1,2%
Desempenho da bolsa brasileira é afetado por problemas internos
Ao G1, o economista-chefe da Austin Rating e autor do levantamento, Alex Agostini, afirma que o desempenho negativo do Brasil acontece por problemas domésticos.
O principal ponto citado por ele “é a perda de confiança no futuro da economia”. Agostini destaca que os investidores demonstram preocupação com o ambiente fiscal.
O economista argumenta que “as bolsas acabam refletindo o momento da economia”. O autor do levantamento ainda explica que “elas têm um impacto imediato e parte disso também é de expectativa futura”.
Em novembro, o principal índice da B3 registrou queda de 1,53%, a 101.915 pontos. Este foi o quinto mês consecutivo de perdas. Na sessão do dia 30 de novembro, a mínima foi de 100.074 — o menor patamar intradia desde 6 de novembro de 2020 (99.837 pontos).
Já nesta quinta-feira (3), o Ibovespa terminou com alta de 3,66%, aos 104.466 pontos. Por conta disso, a perda acumulada neste ano diminuiu para 12,33%.
No começo de 2021, o índice tinha 119.017 pontos. No início do mês de julho, o Ibovespa chegou a passar dos 130 mil pontos — registrando a máxima histórica de 130.776 pontos. No entanto, desde então, houve uma tendência para baixo.
Destaque entre as bolsas de outros países
Nos Estados Unidos, que são as principais referências mundiais no mercado, o índice Nasdaq teve alta acumulada de 20,56% até novembro. O Dow Jones, por sua vez, teve um crescimento de 12,67%.
Na parcial de 2021, o melhor desempenho é da bolsa de valores do Zimbábue, com salto de 305%. Em seguida, está a bolsa da Mongólia, com crescimento de 104%.
Apesar disso, a Austin Rating destaca que estas são economias ‘nanicas’ — e de mercados com volumes de negociação menores, e poucas companhias listadas.
Entre as bolsas com melhor desempenho anual, está a Argentina (54,8%). O motivo dessa aparição é, principalmente, por conta da inflação elevada e a fraca base de comparação após anos de crise econômica.
Levantamento considerando taxa de câmbio
Ao considerar a taxa de câmbio e a desvalorização de moedas frente ao dólar, o levantamento da Austin Rating indica que o Ibovespa segue entre os piores desempenho de 2021.
No ranking da performance dos índices acionários convertidos em dólar, a bolsa do Brasil ocupou a terceira colocação, com queda de -20,9%. O Ibovespa ficou atrás somente da Venezuela (-31,2%) e Turquia (-99,5%).
Segundo destacado por Alex Agostini, entre as 10 piores posições, somente há o Japão de país desenvolvido. Conforme ele, “isso deixa claro que a crise afetou em termos de perspectiva muito mais os países emergentes, que têm uma capacidade de resiliência menor”.