Brasil pode se tornar roteiro de viagens do turismo antivacina? Veja relato do diretor da Anvisa

As festas de final de ano se aproximam, e com elas, o aumento no fluxo de viajantes estrangeiros para o país. No entanto, em virtude do novo agravo na pandemia através do surgimento de uma nova variante, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomenda que as pessoas fiquem em seus locais de origem mesmo com o avanço da vacinação contra a Covid-19. 

Neste sentido, o diretor da Anvisa, Antonio Barra Torres, lembrou que é época de inverno rigoroso no hemisfério norte, motivo pelo qual muitos estrangeiros buscam destinos mais quentes, como o Brasil, para passar as festas.

A desvalorização do real em comparação com moedas como o dólar e o euro também é um atrativo para os turistas. Em entrevista à GloboNews, o diretor da agência disse que:

“Agora, o Brasil não pode ser atraente para o turismo antivacina. Isso não é razoável, não é aceitável, e nós iremos às últimas consequências defendendo as nossas posições embasadas em ciência para proteger o nosso cidadão”, argumentou Barras Torres.

Para o diretor da Anvisa, ainda não há em prática uma medida contra a Covid-19 integralmente eficaz. Mas isso não inibe o Governo Federal de se empenhar ao máximo para colocar em prática todas as ações possíveis para barrar a entrada da nova variante no Brasil. 

Mas ele reconhece que mesmo com todos os mecanismos, é possível haver alguma brecha não identificada que permita a chegada da nova variante do vírus no país, por isso é essencial fazer tudo o que estiver ao alcance.

Na última semana, a Anvisa divulgou duas notas técnicas nas quais recomenda à Casa Civil que a vacinação contra a Covid-19 se torne um requisito obrigatório para a entrada de estrangeiros no Brasil, seja por vias aéreas ou terrestres.

Para isso, é preciso que a pessoa tenha tomado a segunda dose ou a dose única há cerca de 14 dias antes da chegada ao território brasileiro. 

Hoje, não há nenhum ponto das normas de entrada de turistas no Brasil que exija a vacinação contra a Covid-19, medida que já foi implementada em vários países pelo mundo afora.

No entanto, justamente em virtude do surgimento da nova variante da Covid-19, a entrada de estrangeiros por rodovias ou quaisquer outros meios terrestres está expressamente proibida.

A recomendação da Anvisa para o futuro é que a entrada seja liberada somente para pessoas com o esquema vacinal completo. 

Em resposta, o ministro da Justiça, Anderson Torres, disse que a pasta não é a favor da exigência do passaporte da vacina no país. No entendimento dele, a vacinação não impede a transmissão da doença, por isso, implementar essa obrigatoriedade não se faz necessária, muito menos, eficaz.

É importante destacar que a Anvisa é o órgão responsável por assessorar o Governo Federal em temas relacionados à saúde. Desta forma, quatro ministérios são responsáveis pelo fechamento das fronteiras, o da Justiça, da Saúde, da Casa Civil e da Infraestrutura. 

Em virtude da nova variante B.1.1.529 que surgiu, a princípio, na África, a agência publicou uma nota técnica na última semana, recomendando que o governo brasileiro providencie medidas restritivas quanto à entrada de viajantes vindos seis países da África: a África do Sul, Botsuana, Eswatini, Lesoto, Namíbia e Zimbábue.

Mas para que esta restrição tenha valor e passe a vigorar, é preciso que a Casa Civil em conjunto com o Ministério da Saúde, da Infraestrutura, da Justiça e da Segurança Pública, publique uma portaria interministerial regulamentando a ação. 

A preocupação da nova variante se deve ao fato de que ela possui 50 mutações diferentes, algo jamais visto antes. Deste total, 30 consistem na proteína “spike”, considerada a porta de acesso do vírus nas células, o alvo das vacinas contra a Covid-19.

Laura Alvarenga
Laura Alvarenga é graduada em Jornalismo pelo Centro Universitário do Triângulo em Uberlândia - MG. Iniciou a carreira na área de assessoria de comunicação, passou alguns anos trabalhando em pequenos jornais impressos locais e agora se empenha na carreira do jornalismo online através do portal FDR, onde pesquisa e produz conteúdo sobre economia, direitos sociais e finanças.