Magazine Luiza é uma das queridinhas dos investidores brasileiros, mas é preciso cautela

Pontos-chave
  • As ações do Magazine Luiza vêm caindo ao longo dos últimos meses;
  • O setor de varejo, em geral, passa por dificuldades;
  • A XP avalia que a Magalu teve sólido desempenho no canal online.

Com a piora do cenário macroeconômico nacional, as ações do setor de varejo têm passado por dificuldades. Acompanhando, esse movimento, as ações do Magazine Luiza (MGLU3) passam por queda. Entenda se vale a pena comprar ações da empresa, segundo avaliação feita pela XP Investimentos.

Desde julho, o preço das ações do Magazine Luiza diminuiu aproximadamente 64% no valor. Após a divulgação de resultados mistos no último trimestre, o preço das ações da empresa teve forte redução.

A XP avalia que isso pode ter sido causado, principalmente, por conta das incertezas de investidores sobre à dinâmica da margens de lucro para o quarto trimestre. Outro ponto citado é o feedback negativo de alguns investidores acerca do provisionamento de estoques de R$ 250 milhões no trimestre.

A XP afirma que os investidores devem ter cautela antes de investir no papel
A XP afirma que os investidores devem ter cautela antes de investir no papel (Imagem: Montagem/FDR)

Avaliação da XP sobre os resultados do Magazine Luiza

No entendimento do time de Research da XP, que cobra ações da companhia, o Magazine Luiza teve sólido desempenho no canal online. Contudo, houve margens pressionadas. O GMV, tudo aquilo que a companhia vendeu, aumentou 22%, alavancado pelo marketplace, onde a companhia permite que outros vendedores atuem, que cresceu 67%, e para as vendas online de estoque próprio, que cresceram 6,7%.

Por outro lado, as vendas das lojas físicas tiveram queda de 8%. Neste caso, houve impacto pela deterioração macroeconômica.

O time de varejo da XP Investimentos, destaca que “a companhia sinalizou uma continuidade de uma perspectiva desafiadora no canal por conta do macro, mas acredita que a dinâmica do marketplace deve seguir robusta”.

Com relação à rentabilidade, os especialistas acrescentam que a margem EBITDA, porcentagem da receita que vira lucro operacional, diminuiu 2,5 pontos percentuais no ano.

Isso aconteceu por conta de uma margem bruta pressionada pela maior participação do e-commerce (72% das vendas, +6 p.p A/A) e inflação de custos — enquanto ocorreu uma alta das despesas de marketing no e-commerce.

Ainda conforme a XP, o desempenho das lojas físicas provocou uma diluição menor de despesas operacionais.

De modo geral — mesmo com um trimestre marcado pela forte base de comparação com o terceiro trimestre e um nível maior de competição —, o time do Research declara que os canais online das companhias de e-commerce continuaram crescendo no ano.

Ao considerar a métrica de GMV online, a Magalu teve um crescimento de 22% na base anual, comparado com Via (+33%), Americanas (+30%), e MELI (+28%).

Já ao observar a rentabilidade e geração de caixa das empresas no segmento, a XP destaca que a Magalu teve a pior margem EBTIDA. Por outro lado, a Americanas apresentou a melhor.

Todas as companhias registraram queima de caixa no trimestre: Via, AMER e Magalu gastaram, respectivamente, R$830mi, R$635mi e R$ 270mi. Esse resultado acompanha o reforço nos níveis de estoque para a temporada de compras de final de ano, segundo a XP.

Conclusão sobre a MGLU3

Ao considerar todos os pontos destacados no relatório, a XP afirma que a grande questão é sobre como sobre posicionar nesse cenário incerto — e forte redução nas ações da empresa e do setor. No começo do ano, o papel negociava a valores acima de R$ 20. Atualmente, está abaixo de R$ 9.

Diante disso, a XP entende que é preciso cautela. Antes de comprar ações de qualquer empresa neste momento, os investidores devem considerar outros fatores. Como exemplo esta o prazo de investimento do investidor, o apetite a risco, o valuation das companhias comparáveis, e mais.

Para o time de Resarch, mesmo tendo sido “de longe” o que mais foi afetado dentro da cobertura de varejo em 2021, ainda há um grande risco para os resultados das companhias. Isso porque a demanda pode ser mais fraca e a concorrência deve seguir muito acirrada.

A XP também alega que os produtos eletrônicos e de linha branca — categorias-chave para o comércio virtual — tendem a ser mais cíclicos. O motivo é o tíquete médio mais alto. A demanda dos consumidores por essas categorias pode ter sido antecipada durante a pandemia de covid-19.

A equipe de Research alega que os players listados possuem mais exposição às classes mais baixas. Estas pessoas também passam por dificuldade em um ambiente macroeconômico desfavorável.

A XP ainda acredita que o cenário competitivo deve seguir desafiador. Com isso, deve aumentar a pressão na rentabilidade das empresas.

Por fim, a XP destaca que possui recomendação Neutra para o papel — com preço-alvo de R$ 18/ação.

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Silvio Suehiro
Silvio Suehiro possui formação em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC). Atualmente, dedica-se à produção de textos para as áreas de economia, finanças e investimentos.