Nesta quarta, 24, Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, ao falar sobre o comportamento da inflação no mundo, disse que a autoridade monetária “entende que passa por uma crise quase sem precedentes”.
Neto disse durante um evento do Bank Of America (BofA), que a disseminação nas cadeias de preço está mais forte que o projetado e que o Banco Central começa a enxergar o distanciamento da desancorarem das projeções para a inflação no próximo ano.
A respeito da trajetória da inflação, ele disse que os choques estão perdurando por um período maior que o planejado. O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), indicador oficial da inflação no Brasil, acelerou 1,25% no último mês, resultado mais alto para o mês de outubro desde 2002.
Considerando o acumulado de 12 meses, a variação de preços foi de 10,67%, maior patamar para o período desde janeiro de 2016. Hoje será divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia), a prévia da inflação para este mês.
Segundo estimativas do mercado financeiro, o IPCA deve fechar o ano em 10,12%. O BC já confessou que não irá cumprir o centro da meta para a inflação deste ano, de 3,75%, com variação entre 2,25% e 5,25%.
Para o próximo ano, os analistas do mercado projetam uma inflação a 4,96%. Em 2022, a autoridade monetária persegue a meta de 3,5%, com teto de 5% e piso de 2%.
Campos Neto disse que a demanda por bens é responsável por puxar a variação de preços no mundo todo, seguindo a retomada do setor de serviços decorrente do avanço da vacinação contra o coronavírus.
Os produtos com preços mais elevados refletem o que vem sendo observado desde 2020, como a falta de insumos para produção, e que ganhou força por conta de problemas recentes com a falta de abastecimento de energia elétrica em vários países.
Neto disse que não sabe se estas mudanças são estruturais, mas que elas podem perdurar por um período maior que o esperado inicialmente.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC endureceu em outubro, a tentativa de baixar o IPCA ao acrescentar 1,5 ponto percentual na Selic e elevar os juros para 7,75% ao ano.