Enquanto o Governo Federal se concentra na incrementação do Auxílio Brasil com parcelas de R$ 400 para 17 milhões de famílias, outros programas são deixados de lado. O apelidado Bolsa Família da água, programa Cisternas, é um dos que mais sofrem pelo esquecimento do Executivo Federal.
O programa Cisternas visa o abastecimento de água na região do Semiárido nordestino por meio da captação de água de chuvas em reservatórios.
O Bolsa Família da água foi criado no ano de 2003, na mesma época do tradicional e extinto Bolsa Família. E essa não é a única semelhança que os programas têm em comum.
No final, o propósito é o mesmo, promover a transferência de renda para famílias de baixa renda. A particularidade é que o programa Cisternas é focado nas famílias residências da área rural do semiárido brasileiro.
Esta foi a maneira encontrada pelo Governo Federal para garantir o abastecimento de água para o período de seca e, assim como o Bolsa Família, é barato e viável.
Ultimamente, o programa Cisternas voltou a ser utilizado em diversos estudos, além de ser aplicado em outros países, recebendo prêmios internacionais. Nesses quase 20 anos de existência, superando o tradicional Bolsa Família, o programa Cisternas comprovou ser eficaz e essencial para a sobrevivência de pequenas comunidades.
Mas agora, o programa está em estado de abandono mesmo após conseguir entregar 30,5 mil cisternas no ano de 2019. Por outro lado, no ano passado, somente 8,3 mil cisternas foram concluídas, número este que deve ser reduzido para 6 mil neste ano, segundo cálculos realizados pelo Ministério da Cidadania.
Até o mês de agosto deste ano, 1,6 mil reservatórios foram entregues usando recursos de anos anteriores. Para 2021, foi reservado um Orçamento de R$ 32 milhões, mas até o momento, nenhum real foi gasto com a viabilização de Cisternas até meados de novembro.
O total de recursos investidos e já disponíveis para gasto não passa de R$ 500 mil, o correspondente a 1,5% da dotação orçamentária oriunda de emendas parlamentares.
Nestes quase 20 anos de vigência, o programa Cisternas possibilitou a construção de mais de um milhão de cisternas em mais de 1,2 mil cidades brasileiras.
Neste período, cerca de cinco milhões de pessoas, metade da população rural da região semiárida, que abrange os estados nordestinos e uma parte do norte de Minas Gerais.
Para o colunista do UOL José Paulo Kupfer, o rompimento de um programa que, na prática, se mostrou eficaz e barato no combate a um grave problema social é mais uma maneira de evidenciar a negligência do Governo de Jair Bolsonaro com a medida.