Já no início desta semana o presidente da República, Jair Bolsonaro, sancionou a lei que regulamenta o vale-gás nacional. Embora ainda não haja nenhuma previsão sobre quando o programa começará a vigorar, a certeza de que ele poderá amparar uma parcela da população brasileira já é motivo para celebração.
O vale-gás tem o objetivo de viabilizar um auxílio financeiro capaz de cobrir uma parte dos custos atribuídos à compra do botijão de gás de 13 kg. O programa é direcionado a famílias de baixa renda que estejam devidamente inscritas no sistema do Cadastro Único (CadÚnico) do Governo Federal.
Mas para isso, é preciso que apresentem uma renda mensal per capita de até meio salário mínimo, R$ 550, ou que algum membro do grupo familiar receba o Benefício de Prestação Continuada (BPC).
O Ministério da Cidadania ainda informou que a prioridade na concessão do vale-gás será dada às mulheres que foram vítimas de violência doméstica, apesar de que ainda não há detalhes de como a seleção será feita neste caso.
A estimativa feita é para que o vale-gás se estenda a 19 milhões de famílias em situação de vulnerabilidade social. O pagamento será bimestral no valor equivalente a 50% da média nacional oficial do preço do botijão de gás de 13kg na época em que o programa passar a vigorar.
Na oportunidade, o Governo Federal mencionou que poderá aproveitar a estrutura do programa de transferência de renda, Auxílio Brasil, para viabilizar o pagamento do benefício. Vale mencionar que os recursos investidos no vale-gás serão provenientes do:
- Aumento da alíquota da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE) sobre o gás liquefeito de petróleo (GLP);
- Leilões de petróleo;
- Venda de petróleo, gás natural, e semelhantes;
- Royalties;
- Dividendos da Petrobras;
- Demais recursos do Orçamento da União.
Com base na média atual do botijão de gás, estima-se que o vale-gás pague cerca de R$ 50 aos beneficiários. O cálculo do valor considera os preços determinados pelo Sistema de Levantamento de Preços (SLP) da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) nos últimos seis meses.
No entanto, existe um trecho curioso no texto que dispõe sobre o vale-gás. Isso porque, aparentemente, o pagamento será feito em espécie, mas na prática, não há nenhum regulamento que implique a destinação exclusiva do valor para a compra do botijão de gás de cozinha. A ausência desta especificação já vinha sendo criticada pelo setor de GLP.
É o caso do presidente do Sindigás, Sérgio Bandeira de Mello, que disse ser legítimo que as famílias decidam como usar o dinheiro. Porém, a falta dessa obrigatoriedade pode retirar o propósito original do projeto, que é o auxílio para a aquisição do botijão de gás, e assim, torná-lo inviável.