Órfãos do auxílio emergencial: Quem são as pessoas que ficarão sem ajuda?

Pontos-chave
  • Auxílio emergencial deixa milhares de brasileiros de volta à situação de vulnerabilidade social;
  • Parte dos beneficiários do auxílio emergencial serão incluídos no Bolsa Família;
  • Auxílio Brasil será o substituto do Bolsa Família e auxílio emergencial a partir deste mês.

O fim do auxílio emergencial foi um baque para muitos brasileiros em situação de vulnerabilidade. Cerca de 39 milhões de pessoas se tornaram órfãos do benefício que tem os amparado desde abril de 2020.

Órfãos do auxílio emergencial: Quem são as pessoas que ficarão sem ajuda?
Órfãos do auxílio emergencial: Quem são as pessoas que ficarão sem ajuda? (Imagem: FDR)

Ao mesmo tempo em que a sétima parcela da atual rodada do auxílio emergencial foi bastante aguardada devido às necessidades financeiras, ela foi bastante temida. O temor significa o marco do fim de uma era e o retorno da situação de extrema dificuldade. 

É o caso da auxiliar de limpeza Rubia Santos, de 41 anos de idade e mãe de uma criança de dois anos de idade, um menino de 19 e uma menina de 22. A família mora em uma casa na zona Sul de São Paulo, na qual, dos quatro adultos que ajudam nas despesas da casa, três estão desempregados. 

Rubia Santos é a única que possui alguma renda após o marido que trabalhava como segurança ser demitido, além de o casal de filhos já estar sem trabalhar a algum tempo.

A mulher conta que ganha um salário mensal de R$ 1.250, quantia insuficiente para arcar com todas as despesas de aluguel, luz, alimentação, contas de água e energia. 

A auxiliar de limpeza bem que tentou, mas assim como outros quase dois milhões de brasileiros que permanecem na fila de espera, não conseguiu fazer parte do programa Bolsa Família.

A bolsa será substituída pelo Auxílio Brasil ainda neste mês de novembro. A nova transferência de renda promete superar financeiramente o benefício anterior. 

Mas Rubia Santos não é a única que passa por dificuldades com o término do auxílio emergencial. Maria Eduarda Santos, mãe de uma menina de dois anos, também não sabe como manterá as despesas após receber sete parcelas no valor de R$ 150.

Embora a quantia seja mínima, era essencial para custear itens como o leite e outras despesas básicas da casa. Mas ela conta que agora teme o futuro próximo tendo em vista que ela não está inscrita no Cadastro Único (CadÚnico) do Governo Federal. 

Nota-se que o fim do auxílio emergencial deixa para trás dois tipos de órfãos: aqueles que não estão inscritos no CadÚnico por não se enquadrarem nos critérios de inclusão do Bolsa Família, bem como aqueles que não teriam direito a receber a renda mínima, mas permanecem na fila de espera para o cadastro. Muitos nem conseguiram requerer o cadastramento.

Inscrição Auxílio Brasil: Passo a passo para se inscrever no Cadastro Único

Auxílio emergencial

O auxílio emergencial foi criado no ano de 2020, e foi pago nos valores iniciais de R$ 600 e R$ 1.200 entre os meses de abril a agosto. Logo em seguida o programa foi prorrogado, mas as parcelas foram reduzidas para R$ 300 e R$ 600, sendo que os valores máximos eram voltados às mães solteiras chefes de famílias monoparentais. E assim se encerrou os pagamentos no ano passado. 

No início de 2021, após muita luta, o programa finalmente foi renovado, também no mês de abril. Mas para que o auxílio emergencial pudesse voltar a ser pago, o Governo Federal precisou reajustar novamente o valor das parcelas para R$ 150, R$ 250 e R$ 375.

Durante sete meses, de abril a outubro, a parcela mínima foi paga aos beneficiários que moram sozinhos. A quantia média foi destinada aos representantes dos grupos familiares e a cota máxima às mães solteiras. 

Órfãos do auxílio emergencial: Quem são as pessoas que ficarão sem ajuda?
Órfãos do auxílio emergencial: Quem são as pessoas que ficarão sem ajuda?(Imagem: FDR)

Auxílio Brasil

O Auxílio Brasil é a grande promessa do Governo Federal para fazer o papel do auxílio emergencial e do tradicional Bolsa Família. O programa deve começar a vigorar ainda este mês, pagando cerca de R$ 230 a 14,6 milhões de beneficiários.

Embora a proposta original seja de parcelas no valor de R$ 400, que devem começar a ser disponibilizadas somente de dezembro em diante. 

O valor exato do Auxílio Brasil depende da aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos precatórios, que será capaz de criar um espaço de até R$ 40 bilhões no Orçamento da União em 2022. O texto depende da aprovação dos deputados, os quais têm adiado a apreciação do tema há semanas. 

Enquanto isso, os 14,6 milhões de beneficiários que já recebiam o Bolsa Família não precisam se preocupar, pois serão incluídos no Auxílio Brasil caso continuem de acordo com os critérios de elegibilidade.

Enquanto isso, as outras 2,4 milhões de pessoas que serão integradas por meio da ampliação do programa, devem estar inscritas no CadÚnico e apresentar uma renda mínima entre R$ 89 a R$ 178 mensais por pessoa. 

Laura Alvarenga
Laura Alvarenga é graduada em Jornalismo pelo Centro Universitário do Triângulo em Uberlândia - MG. Iniciou a carreira na área de assessoria de comunicação, passou alguns anos trabalhando em pequenos jornais impressos locais e agora se empenha na carreira do jornalismo online através do portal FDR, onde pesquisa e produz conteúdo sobre economia, direitos sociais e finanças.
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