Preço dos alimentos deve subir mais com crise que afeta fertilizantes

Embora pouco divulgada, entre as várias crises que o país já enfrenta com muita dificuldade, agora a dos fertilizantes também se tornou uma realidade. O químico, comumente utilizado em produções agrícolas, pode deixar o preço dos alimentos ainda mais caros em 2022. 

Isso porque, nos últimos tempos, os produtores brasileiros não têm tido muito sucesso na aquisição de fertilizantes. Essa dificuldade está relacionada a uma crise energética na China que coloca em risco a cadeia de suprimentos mundial em risco.

Vale ressaltar que o Brasil também produz insumos, mas em uma escala mínima se comparado à demanda nacional.

Para ter uma ideia da amplitude, até o mês de julho de 2021, o mercado brasileiro já utilizou 23,9 milhões de toneladas de insumos. Mas deste total, apenas 3,7 milhões foram produzidos no Brasil, enquanto o saldo foi importado, de acordo com informações da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda).

O reflexo da falta de fertilizantes reflete na alta demanda e baixa oferta, fazendo com que o preço das plantações suba excessivamente e, por consequência, seja repassado ao consumidor. Este cenário foi mencionado pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, no início deste mês. Na ocasião ele comentou:

“Como deve faltar fertilizante por falta de oferta no mercado, ele vai plantar menos, se plantar menos, vai colher menos. Menos oferta e a procura igual tem aumento de preços”, ponderou. Na oportunidade, o chefe do Executivo Federal destacou o risco de um grave desabastecimento, embora tenha afirmado que, se este problema vier à tona, o Governo Federal tem uma solução. 

Conforme apurado, um programa emergencial de fertilizantes seria lançado ainda no mês de outubro, mas o governo ainda não deu mais detalhes sobre o tema. Mas é importante pontuar que a crise dos fertilizantes na China e a consequente escassez no Brasil não é o único impasse, pois as plantações brasileiras, sobretudo a de milho, foram fortemente afetadas pelo clima. 

No mês de agosto, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), reduziu de 260,8 milhões para 254 milhões, a estimativa da produção brasileira de grãos na safra do biênio 2020-2021.

O motivo declarado são as mudanças climáticas. Lembrando que uma onda fria que atingiu o país nos últimos meses provocou a perda de vastas plantações, em especial, de café, gerando um prejuízo financeiro enorme.

Essas geadas foram um complemento à seca prolongada que vinha afetando as lavouras, mas essa combinação dos efeitos climáticos que aconteceram em julho deste ano, apenas intensificou o problema.

Desta forma, o milho deve ter uma produção 15,5% inferior à safra de 2020. O milho é constantemente citado por ser o grão mais usado para alimentar os animais, além de também ser consumido pelos humanos. 

Portanto, nota-se que uma safra menor tende a deixar o produto ainda mais cara em ambas as frentes, contribuindo também para a alta de preços de suínos e de aves. O encarecimento no preço dos alimentos no Brasil não é bem uma novidade desta época e dos efeitos atuais, pois o encarecimento já tem sido notado no decorrer de 2021. 

No apanhado feito pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras) até o mês de agosto, o preço de uma cesta básica composta por 35 produtos ficou 22,23% mais cara nos últimos 12 meses.

Laura Alvarenga
Laura Alvarenga é graduada em Jornalismo pelo Centro Universitário do Triângulo em Uberlândia - MG. Iniciou a carreira na área de assessoria de comunicação, passou alguns anos trabalhando em pequenos jornais impressos locais e agora se empenha na carreira do jornalismo online através do portal FDR, onde pesquisa e produz conteúdo sobre economia, direitos sociais e finanças.