CPI da COVID: Como o relatório vai impactar na economia brasileira?

Pontos-chave
  • Bolsonaro teme abordagem da CPI da COVID sobre sua atuação durante a pandemia;
  • Presidente se posicionou contrário à campanha de vacinação contra a Covid-19;
  • Posicionamento inconsistente de Bolsonaro foi refletido nas pesquisas de aprovação.

A CPI da COVID está chegando ao fim com a entrega do relatório final. No entanto, a conclusão desse documento não trará uma imagem positiva para o presidente da República Jair Bolsonaro, especialmente após ele se posicionar contra a campanha de vacinação contra a Covid-19 desde o princípio.  

CPI da COVID: Como o relatório vai impactar na economia brasileira?
CPI da COVID: Como o relatório vai impactar na economia brasileira? (Imagem: FDR)

Mesmo diante do posicionamento contrário do presidente à vacinação, os aliados dele acreditaram que o avanço da campanha de imunização seria capaz de promover um cenário positivo e neutralizar a gravidade das abordagens feitas pelo relatório da CPI da COVID. Desta forma, haveria a chance de Bolsonaro ser absolvido em tribunal de opinião pública.

Mas na prática não é bem assim que acontece, pois mesmo após o país atingir a marca de 110 milhões de brasileiros imunizados, o atual governo ainda será responsabilizado pela catástrofe somada à crise sanitária, cuja responsabilidade é atribuída ao presidente pelo povo brasileiro.

No decorrer da CPI da COVID surgiram pedidos de indiciamento contra Bolsonaro relacionados a nove crimes diferentes.

Contudo, esses pedidos devem ser esquecidos nas gavetas antes mesmo de originarem processos contra o presidente. Mas essas denúncias não serão completamente inúteis, pois todas as provas reunidas por meio da CPI da COVID devem se transformar em temas de debates, especialmente em 2022, ano eleitoral.

O relatório final da S desmembra algumas distorções às quais Bolsonaro costuma recorrer para se defender das próprias falas e atitudes negligentes.

Um desses argumentos consiste na afirmação de que milhões de doses de vacinas foram compradas, de que respeitou a autonomia dos médicos que receitavam medicamentos comprovadamente ineficazes e que foi impedido de agir durante a crise sanitária por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF).

A CPI da COVID também lembra que o Governo Federal ignorou diversas tentativas de contato de fabricantes de vacinas, enquanto apoiava a distribuição de hidroxicloroquina, investindo em uma estratégia absurda de combate à proliferação do vírus.

Todos esses fatores serão atribuídos à carga política de Bolsonaro e, por consequência, complicará ainda mais a economia do país. 

Outro exemplo de como a atuação de Bolsonaro influencia na economia, está relacionado à alta da inflação que provoca o aumento nos preços de uma série de produtos. A alta da inflação acontece em meio à recuperação do mercado de trabalho e a volta dos brasileiros na atuação de atividades profissionais. 

Este cenário foi, inclusive, identificado pelo Datafolha através de uma pesquisa na qual 41% dos eleitores alegam que o aumento dos preços é responsabilidade do presidente. Enquanto isso, outros 34% não acreditam que Bolsonaro seja tão responsável assim.

De toda forma, o peso cairá sobre o presidente que não mediu esforços para tentar se livrar dos danos políticos causados tanto pela má gestão sanitária, como pela desaceleração econômica. Bolsonaro investiu a todo custo em medidas preventivas que, na crença dele, seriam capazes de interromper as atividades durante uma das fases mais críticas da pandemia da Covid-19. 

Em determinada ocasião o presidente conseguiu conquistar a aprovação do público. Foi quando sancionou o auxílio emergencial no valor de R$ 600, logo após o Brasil ultrapassar a margem das 100 mil mortes. 

Certo tempo mais tarde, Bolsonaro enfrentou a primeira queda drástica na popularidade, foi em janeiro de 2021, com a interrupção do auxílio emergencial e o início da campanha de vacinação contra a Covid-19. Na época, o índice de popularidade caiu de 37% para 31%.

A segunda queda foi em maio deste ano, quando o Brasil voltou a enfrentar uma nova onda da pandemia da Covid-19 junto à redução no valor das parcelas do auxílio emergencial. Meses mais tarde, o índice de aprovação de Bolsonaro caiu para 22%.

Embora Bolsonaro tenha agido com convicção acreditando que conseguiria driblar os prejuízos provocados pela pandemia da Covid-19 através da freada na economia, tudo indica que o resultado deve ser completamente oposto, de maneira que um problema irá potencializar o outro. 

No momento, o presidente deseja evitar todo e qualquer questionamento severo sobre sua atuação diante do trágico resultado da crise sanitária e econômica que assolam o país. 

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Laura Alvarenga
Laura Alvarenga é graduada em Jornalismo pelo Centro Universitário do Triângulo em Uberlândia - MG. Iniciou a carreira na área de assessoria de comunicação, passou alguns anos trabalhando em pequenos jornais impressos locais e agora se empenha na carreira do jornalismo online através do portal FDR, onde pesquisa e produz conteúdo sobre economia, direitos sociais e finanças.