Os impactos das novas propostas voltadas à criação do Auxílio Brasil impactou o cenário econômico na última semana. O anúncio sobre parcelas de R$ 400 e a inclusão de mais três milhões beneficiários no novo programa gerou uma espécie de crise fiscal.
As propostas atuais, de certa forma, representam um retrocesso nos trâmites do Auxílio Brasil, tendo em vista que se tratam das intenções iniciais vinculadas à criação do programa.
No entanto, ao longo dos últimos meses elas foram deixadas de lado em meio às dificuldades de encontrar uma fonte de financiamento capaz de suprir a nova demanda.
Foi então que várias novas sugestões de ofertas de renda foram apresentadas, junto algumas menções para custeá-las, as quais são foram bem recebidas.
Agora, meses mais tarde e após diversos debates, a equipe técnica do Governo Federal decidiu se arriscar ao voltar a propor uma quantia que representa o dobro do programa atual, além de ampliar a capacidade de atendimento do Auxílio Brasil.
Mas desde o princípio ficou claro que as investidas do prometido programa de transferência de renda se tratam de estratégias políticas para a reeleição de Bolsonaro. Não tendo relação exclusiva e própria com as necessidades do povo brasileiro em situação de vulnerabilidade social.
Até mesmo porque, durante toda a carreira política, Bolsonaro se posicionou contra a implementação e manutenção de programas sociais, sobretudo, o Bolsa Família.
Criado pelo ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, no ano de 2004, o Bolsa Família foi severamente criticado por Bolsonaro que, por diversas vezes tentou acabar com o programa.
Agora, à frente do Executivo Federal, o presidente enxergou que o meio para conquistar o apoio dos cidadãos de baixa renda que formam a maior parcela da população brasileira, é preciso investir em causas sociais.
Auxílio Brasil no Nordeste
No entanto, a consciência e empenho sobre esta investida surgiu somente após Bolsonaro notar a queda na popularidade demonstrada por pesquisas recentes.
E para dar a volta por cima, ele tem se concentrado na região Nordeste, onde ele tem o menor índice de aprovação.
Por isso, a região terá a chance de receber quase metade do valor investido no Auxílio Brasil, o correspondente a R$ 36,6 bilhões no ano de 2022, ano de pleito eleitoral.
O impacto positivo do Auxílio Brasil no Nordeste é essencial para a reeleição de Bolsonaro. De acordo com a Pesquisa Ipec publicada em setembro, 16% dos entrevistados nordestinos consideram a gestão de seu governo boa ou ótima. O número é inferior aos 22% da média nacional.
A intenção no Palácio do Planalto é retomar o pico de popularidade de Bolsonaro, como aconteceu com a oferta do auxílio emergencial. Para se ter uma noção do cenário, em setembro do ano passado, o índice de aprovação do presidente entre os nordestinos que consideravam o governo ótimo ou bom era de 33%, contra a média nacional de 40%.
Desta forma, o Governo Federal também promete zerar a fila de espera do atual Bolsa Família que reúne 1,19 milhão de pessoas. Desse total, 41,6% se encontram na região Nordeste, que concentra 27% da população brasileira.